Os bolseiros de investigação científica voltam esta quarta-feira aos protestos contra a sua situação precária. A manifestação, marcada para a tarde em frente ao Ministério da Ciência, em Lisboa, tem como alvos a tutela e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, acusados pela Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) de falta de transparência e diálogo na revisão do Estatuto do Bolseiro de Investigação.

Os manifestantes querem entregar em mão aos responsáveis do ministério a proposta de alteração do estatuto dos bolseiros de investigação (PAEBI) [PDF], já que não obtiveram resposta aquando do envio à tutela do documento em Março.

“Gostaríamos de abrir portas ao diálogo”, diz ao JPN o presidente da ABIC, André Levy. A associação considera que os 10 mil bolseiros são a base do sistema científico português. Um mural de pano com demonstrações do trabalho realizado pelos bolseiros, incluindo artigos cieníficos, vai vincar o lema da PAEBI: “Produzimos trabalho científico, somos trabalhadores, queremos contratos de trabalho”.

A ABIC quer garantir a “dignificação” das condições de trabalho, que a associação diz passar pelo estabelecimento de contratos de trabalho e pelo acesso ao regime geral de Segurança Social (e não o seguro social voluntário, introduzido em 1999 no Estatuto do Bolseiro).

A PAEBI prevê dois regimes: um de contratos de trabalho a termo certo para investigadores com mais de quatro anos de carreira e a criação do Estatuto dos Investigadores em Formação (período inferior a quatro anos), mais restrito que o actual Estatuto do Bolseiro de Investigação.

Também quarta-feira, mas de manhã, o núcleo do Porto da ABIC organiza uma acção de luta na Praça Gomes Teixeira, junto à reitoria da Universidade do Porto. É a primeira iniciativa de rua do núcleo criado em Maio.