Técnicas magneto-ópticas, filmes finos, válvulas de “spin”, aplicação da física à estatística e à economia, a forma como é lido um código de barras ou transmitido um sinal vídeo. São áreas e questões desconhecidas para a maioria dos mortais, mas não para alguns jovens do ensino secundário que participaram na Escola de Física da Universidade Júnior, organizada pela Universidade do Porto (UP).

Durante uma semana, 97 alunos tiveram aulas e viveram a “experiência da investigação”, diz João Lopes, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e um dos monitores da Escola de Física.

Hoje, sexta-feira, num anfiteatro da Faculdade de Ciências da UP, apresentaram e defenderam as conclusões a que chegaram, sob a análise atenta dos colegas e dos monitores. Também hoje, mas na reitoria, terminou a Escola de Ciências da Vida e da Saúde, com moldes semelhantes.

No início do curso “foi um choque”, confessa Diogo Almeida, estudante do 12.º ano no Colégio Luso-Francês, no Porto. De repente, viu-se a estudar as variações dos campos magnéticos, que “indicam à máquina” (um computador, por exemplo) a informação contida num código binário (os zeros e uns que formam os bytes). Foi a experiência científica “mais complexa” que já fez e veio reforçar o gosto pela física, a área que quer seguir no ensino superior.

Bruno Brito, aluno do 12.º ano, da Escola Secundária de Paredes, ouviu falar pela primeira vez de econofísica, uma campo interdisciplinar que utiliza a física na resolução de problemas económicos. Com cinco colegas, aprendeu o básico da programação informática e construiu um jogo que ajuda a explicar a forma como diferentes “jogadores” (na bolsa, na lotaria) tomam opções. “Procurámos o essencial de um sistema complexo”, afirma o estudante.

“Bichinho da ciência”

Estes são “alunos muito bem informados”, boa parte deles com notas altas, que utilizam os novos meios ao seu dispor, em particular a Internet, para se manterem informados. “A maioria tem o bichinho da ciência muito desenvolvido”, atesta o monitor João Lopes, que sublinha a forma aguerrida como conseguem defender os trabalhos em público. “É esse o espírito da ciência”.