A Câmara do Porto alargou o período de discussão pública sobre a avenida Nun’ Álvares. O vereador do Urbanismo, Lino Ferreira, voltou a mostrar-se disponível para o diálogo com os críticos do projecto. O prazo para discussão terminava hoje, terça-feira.

O novo prazo ainda não foi decidido, mas Lino Ferreira assegura que vai dar o “tempo necessário para a construção de uma proposta a considerar”. E garantiu que “o projecto vai ser alterado”, desde que as mudanças respeitem o Plano Director Municipal.

O vereador reuniu hoje com o presidente da Junta de Freguesia de Nevogilde e com alguns cidadãos que entregaram um abaixo-assinado contra o projecto com duas mil assinaturas.

Com o alargamento do período de discussão pública, a autarquia quer “criar um amplo espaço de debate para criar uma proposta tão consensual quanto possível”, afirmou Lino Ferreira aos jornalistas, à margem da apresentação da Semana da Mobilidade Europeia no Porto.

O advogado Miguel Veiga, um dos signatários do abaixo-assinado (que conta com outros notáveis como o presidente do BPI, Artur Santos Silva, e o arquitecto Eduardo Souto Moura) mostrou-se satisfeito com a reunião e com a disponibilidade do vereador do Urbanismo. “Não queremos ser parte do problema, mas da resolução do problema”, declarou aos jornalistas.

“Muralha de cimento”

O cumprimento e largura da via são dois dos pontos mais criticados do projecto. “É muito maior que a Marechal Gomes da Costa e muito mais larga que a Avenida da Boavista”, comparou.

Segundo Miguel Veiga, o projecto viola o PDM, já que a via entronca com troços viários mais estreitos. Os subscritores dizem ainda que falta um estudo de tráfego para sustentar o projecto. “Queremos viver numa cidade sem muralhas de cimento. A Foz merece mais cuidado”, referiu.

O documento prevê a construção de uma via de 1,5 quilómetros entre a Praça do Império e a Avenida da Boavista, com três faixas em cada sentido. Defende também a construção de moradias, prédios de habitação até cinco andares e equipamentos desportivos, sociais e culturais (no total, 1.200 casas para cerca de 3.000 pessoas).