É um regresso há muito esperado. Depois de muitos adiamentos, o eléctrico vai voltar a descer a Rua dos Clérigos, a subir 31 de Janeiro, a passar por Santa Catarina, a descer Passos Manuel, a passar pela Avenida dos Aliados, pela Praça Filipa Lencastre, pela rua de Ceuta, pela rua José Falcão, regressando aos Leões.

É com nostalgia que o jornalista e historiador da cidade do Porto, Germano Silva, recorda o momento em que o carro eléctrico deixou de ser visto nas ruas portuense, há 30 anos. “Foram desaparecendo lentamente. Começaram a aparecer os tróleis, depois os autocarros e o metro. Os eléctricos foram postos de lado”, recorda. A primeira linha de eléctricos do Porto foi inaugurada a 12 de Setembro de 1895.

O autor de vários livros sobre o Porto acredita que a reactivação do circuito eléctrico é uma “mais-valia” para a cidade. “Este meio vai permitir que as pessoas se movimentem no centro”, argumenta. “É um meio de transporte extremamente agradável e não poluente”. Fonte da STCP afirmou, ao JPN, que o eléctrico “vai melhorar a mobilidade das pessoas e ajudar a retirar os carros da berma da estrada”.

“É bom saber que o velho pode tornar a cidade mais bonita”, diz Afonso Rocha, 69 anos. Contudo, considera que este regresso tem mais interesse para o turismo do que para o cidadão comum. A mesma ideia é partilhada por António Loureiro, 70 anos, que diz que a reactivação do eléctrico “é um regresso à antiguidade, mas quem sai beneficiado é o turismo”.

O regresso oficial do eléctrico é o ponto alto do Semana Europeia da Mobilidade (SEM) no Porto. A cerimónia é amanhã, sexta-feira, na Avenida dos Aliados, e conta com a presença da secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino.

Incompatibilidade dos passes

Um dos problemas colocados ao regressado meio de transporte é a incompatibilidade dos passes do metro e da STCP. “Os passes que utilizamos para podermos andar de metro não são os mesmo que os dos autocarros, o que faz-nos gastar mais dinheiro. O mesmo vai acontecer com os eléctricos. Isto faz com que as pessoas não usem tanto os meios de transporte. Vai acontecer o mesmo com o eléctrico”, lamenta Fernando Martins, 57 anos.