O que é que as pessoas têm em conta na hora de comprar um carro? Quantos veículos deixam de circular por ano no país? No futuro, as pessoas vão optar por veículos amigos do ambiente? São estas algumas perguntas que o projecto CAReFUL, desenvolvido por investigadores do Instituto Superior Técnico (IST) de Lisboa, pretende responder.
O inquérito CAReFUL circula na internet há uma semana e já foi respondido por três mil pessoas. Um dos objectivos principais é “colmatar lacunas de informação que existe em Portugal sobre a aquisição de automóveis, sobretudo quando se precisa fazer estatísticas”, explica ao JPN, Filipe Moura, investigador e co-coordenador do projecto.
Outro ponto forte do inquérito é “perceber como é que as pessoas procedem quando vão comprar o automóvel” – “as escolhas sociais e económicas”. A partir daí será possível fazer uma caratecterização do parque automóvel em Portugal.
Além das escolhas pessoais, o estudo pretende saber “quantos carros são vendidos todos os anos”, “quais vão ser as escolhas das pessoas no que toca às novas tecnologias” e “quantos carros carros deixam de circular por ano”.
De acordo com o investigador, “com base nisso tudo será possível fazer uma verificação rigorosa dos efeitos dos gases de efeito estufa e outros tipos de gases emitidos pelos carros”. Filipe Moura lembra que os automóveis são responsáveis por 15 a 20% da poluição.
Implicações políticas e ambientais
O projecto CAReFUL quer “despertar as autoridades políticas” para medidas mais restritivas no que toca à utilização do automóvel e que facilitem o uso dos transportes públicos.
Filipe Moura refere que Portugal está dar “os primeiros passos” neste campo. Dá como exemplo as zonas ambientais, criadas em algumas cidades europeias, onde “carros de uma determinada idade ou cilindrada não podem entrar”. “Em Londres, os carros que poluem zero não pagam estacionamento”, exemplifica.
Para o investigador, o novo imposto automóvel foi “um sinal correcto ao consumidor”. “A pessoa está consciente que se comprar um carro mais poluente vai ser prejudicada”. Daí ser necessário “tornar a compra de automóveis que poluem mais, menos atractiva”, diz.
Resultados dentro de dois meses
Filipe Moura não se atreve a fazer previsões dos resultados do inquérito mas reconhece que a adesão “está a ser extraordinária”. “Se tivermos de três a quatro mil inquéritos válidos já conseguimos retirar resultados consistentes”, aponta.
O inquérito vai estar na internet durante três a quatro semanas e os resultados serão publicados daqui há dois meses. O resultado geral da investigação, financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, só será conhecido em meados de 2008.