Ibrahim Gambari, enviado especial da ONU e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros nigeriano, encontrou-se hoje, terça-feira, com o líder da Junta Militar de Myanmar, o general Than Shwe, depois de a reunião ter sido adiada várias vezes.

O objectivo foi tentar persuadir Than Shwe a pôr termo à repressão violenta dos protestos e sensibilizá-lo para uma possível reforma democrática, para os direitos humanos e para a reconciliação nacional, através do diálogo “sério” com todos os partidos da oposição.

Depois disso, o enviado especial das Nações Unidas encontrou-se, pelo segundo dia consecutivo, com Aung San Suu Kui, líder da Liga Nacional para a Democracia.

Invasão “neocolonialista”

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Myanmar, Nyan Win, considera que o país está a ser alvo de pressões “neocolonialistas” por parte dos países mais poderosos.

Diz que as notícias que têm sido dadas sobre a violação dos direitos humanos são falsas e que as sanções económicas que vários países, como os Estados Unidos, equacionam impôr à antiga Birmânia vão levar ao empobrecimento da população.

Acrescenta, ainda, que, “sob o pretexto de que o país não é democrático, de que é instável e de que isso constitui uma ameaça à paz e à segurança internacional, intervêm directamente e invadem o país”.

Militares intensificam acção nas ruas

Hoje, à semelhança do que tem vindo a acontecer nos últimos dias, as forças de segurança intensificaram a acção, com milhares de soldados armados a patrulhar as ruas de Rangun. Alguns mosteiros foram já encerrados.

O receio de sofrer represálias começa a intimidar muitos dos manifestantes. Há quem esteja, por isso, a aderir ao “protesto silencioso” – apagar as luzes e desligar as televisões entre as 20h00 e as 20h15, altura em que é transmitido um programa noticioso do governo. Não se sabe ao certo quantas pessoas aderiram.

Diplomatas e activistas afirmam que morreram 200 pessoas nos protestos da semana passada e que 6 mil foram detidas. O governo desmente estes números e diz que, até agora, as mortes não ultrapassam as 10. No entanto, uma testemunha afirmou à CNN ter visto ontem, segunda-feira, 15 cadáveres a flutuar no rio, em Rangun.