É para arrancar, com ou sem a publicação da regulamentação nacional sobre este tipo de estruturas. A garantia é do presidente do grupo de fundadores do projecto do Pólo de Competitividade e Tecnologia (PCT) da Saúde e presidente da Bial, Luís Portela, e foi dada esta quarta-feira na apresentação do projecto, no Porto.
“Conquistámos o direito a ter apoio, mas o pólo vai avançar com ou sem ele”, disse Luís Portela aos jornalistas. Também o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, Carlos Lage, sublinhou a importância de um selo governamental. “Precisamos que os centros de decisão nacionais, que o Governo eleja a saúde como uma grande área em que o país pode competir internacionalmente”.
O PCT da Saúde vai estar fixado no Norte mas é um projecto nacional com vocação internacional. Vai juntar várias empresas e universidades, mas a ideia não é criar edifícios, antes aproveitar as instituições “de excelência”, nas palavras de Portela, que existem na região e aprofundar a rede que já existe.
“As instituições de ciência comunicavam em rede de forma aberta e também já existia uma ponte entre universidades e empresas, algo que não é normal em Portugal”, afirmou Portela.
Não se trata, contudo, apenas da oficialização de uma relação, esclareceu, ao JPN, o director do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), Sobrinho Simões: “O nosso desafio é pôr isto a funcionar naquilo que nunca temos conseguido, que é ligar as estruturas de investigação de saúde, que são boas, às empresas. Não é só um reforço, há um salto qualitativo que temos que dar”.
“Marca indelével na economia”
Para o coordenador do Plano Tecnológico, Carlos Zorrinho, os participantes do projecto são “pioneiros”. “Dão um passo à frente e deixam uma marca indelével na economia portuguesa. A partir de agora não há desculpas: por que é que não se pode fazer isto noutras áreas”, declarou. Sem falar sobre a prometida regulamentação dos PCT, disse que o pólo nortenho pode esperar do Governo “todo o apoio à estruturação, densificação e internacionalização”.
Do núcleo fundador do pólo constam o grupo Bial, as universidades do Porto e Minho; o I3S (Instituto de Inovação e Investigação em Saúde que junta o IPATIMUP, o IBMC e o INEB e deve ser formalizado este mês), e o Grupo do Dispositivo e da Farmacêutica, criado em Setembro de 2005, que inclui cerca de 20 empresas.
Juntaram-se ao pólo o Instituto de Medicina Molecular, da Universidade de Lisboa, o Centro de Neurociência da Universidade de Coimbra, o Laboratório Internacional Ibérico de Nanotecnologia e a empresa Hovione. Segundo Luís Portela, há contactos com entidades galegas para alargar o pólo.
Apostas fortes
O núcleo fundador representa um volume de negócios de mais de 300 milhões de euros, que se espera, nas previsões mais pessimistas, que cresça entre 200 a 500 milhões nos próximos cinco anos. Prevê-se que o investimento privado aumente entre 250 e 400 milhões e que surjam entre 500 e 1.000 postos trabalhos.
Novos materiais médicos, um novo anti-epiléptico (produzido pela Bial e previsto para 2009) e “kits” de diagnóstico do cancro são algumas das áreas que o PCT da Saúde vai apostar.