A crítica à obrigatoriedade de presença nas aulas, com o risco de reprovar por faltas, que Bolonha introduziu, é um ponto comum nas opiniões dos alunos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) ouvidos pelo JPN. Mesmo assim, as opiniões são divergentes.
Aluno do segundo ano de História, Alberto Pereira aponta como ponto positivo o aumento dos trabalhos práticos mas critica o encurtamento do curso e o elevado número de alunos em determinadas aulas. “As salas ficam completamente cheias”, diz.
Amélia Polónia, directora do curso de História, explica que algumas turmas estão “incomportavelmente numerosas”, uma vez que “estudantes do 4.º ano coabitam com os do novo plano”. Este é um ano de transição, em que os alunos do 4.º ano continuam com o antigo método de ensino.
“Sendo um processo de transição, há sempre alguma perturbação“, admitiu o director da FLUP, Jorge Alves, por e-mail, ao JPN.
Orientação tutorial
Henrique Moutinho, estudante de Línguas e Relações Internacionais (licenciatura que veio substituir a de Estudos Europeus), concorda com o novo processo de ensino, que trouxe “mais pesquisa e orientação tutorial”. “O grande problema é encaixar isto tudo num horário que sirva para todos”, explica.
“O curso ficou muito pequeno e tiraram cadeiras essenciais”, conta Olga Machado. A estudante do segundo ano de Filosofia tem uma visão pessimista de Bolonha – “de um modo geral é mau” – mas diz que a orientação tutorial é uma “mudança positiva”.
Também com uma visão negativa do processo de Bolonha, André Gonçalves, do 3.º ano de Sociologia, é de poucas palavras: “Não destaco nenhum ponto positivo”. “Na fase inicial, foi muita confusão por causa das matrículas. Tive que fazer três matrículas”, revela.
Maior mobilidade
Estudante do terceiro ano de Ciências da Informação, Andreia Mota destaca a maior
mobilidade que Bolonha trouxe ao ensino superior e também a questão “de o currículo poder ser melhorado com mais conferências e seminários”. No que toca a redução de tempo, a estudante pensa que menos um ano de licenciatura não vai fazer diferença.
“Bolonha mudou para melhor”, diz Tânia Ferreira, aluna do 2.º ano de Línguas e Relações Internacionais. A estudante só aponta um senão: “os três anos de licenciatura não são suficientes para uma pessoa sair bem formada”.