O Bookcrossing foi distinguido como a melhor comunidade cibernética de 2005. A distinção foi atribuída na nona edição dos Webby Awards, os chamados “Óscares da Internet”, pelo “New York Times”. E nesta comunidade com cerca de 600 mil membros espalhados por todo o mundo, cerca de 8 mil são portugueses.

É uma espécie de “clube de livros global”, como se lê no “site” do Bookcrossing Portugal, “que atravessa o tempo e o espaço”. “É um grupo de leitura que não conhece limites geográficos. Os seus membros gostam tanto de livros que não se importam de se separar deles, libertando-os, para que possam ser encontrados por outros”.

Anti-materialismo

As formas de chegar até ao Bookcrossing são variadas. Desde incentivados por amigos, passando por mini-reportagens televisivas ou escritas ou até mesmo por acaso, como é o caso de Fátima Rodrigues, ou “fbeatriz”, como é conhecida no fórum português.

“Lemos muito mais, trocamos muito mais, compramos na mesma muitos livros, ficamos a saber muito mais, trocamos muito mais impressões, mas mesmo assim não se deixa de comprar”, afirma a “bookcrosser” de 28 anos. O que mais lhe agrada em fazer parte desta comunidade é a amizade e a aprendizagem do “não materialismo”.

Ana Saragoça, ou “Marcenda”, 41 anos, salienta que o que mais lhe agrada na comunidade é “pertencer, pela primeira vez, a um grupo onde o amor aos livros não é visto como uma excentricidade”. “Agrada-me contactar com pessoas de todo o país e de todo o mundo que nunca conheceria por outras vias”.

Já Leonor Barros (“papalagui”), professora de 42 anos, destaca “a generosidade e a ligação que se cria entre as pessoas, o poder partilhar as leituras e livros, conhecer novos livros e autores, estar actualizada sobre leituras”.

Como circulam os livros

Os membros comunicam entre si no fórum público destinado a cada nacionalidade, onde trocam opiniões sobre livros ou outros assuntos.

As formas de fazer circular livros vão desde os bookrings aos bookrays, passando pelas wild releases.

Bookrings são anéis literários restritos: um livro circula por correio por um grupo de pessoas e no final regressa ao dono. O bookray é em tudo semelhante ao bookring, mas a última pessoa do anel pode guardar o livro ou fazer o que quiser com ele, desde iniciar outro bookray ou bookring a oferecê-lo a outrém.

Já as wild releases são as mais difíceis para os membros, porque consistem em deixar um livro “ao abandono” com informação sobre o site e esperar que alguém o leia e visite a comunidade. No entanto, ainda há quem veja, folheie até, mas o volte a colocar no lugar onde o encontrou.