Eleita à primeira volta, com mais 20% dos votos do que a sua principal concorrente, Elisa Carrió, a nova presidente da Argentina, Cristina Kirchner, vai ter de herdar um país que, apesar do crescimento económico registado nos últimos cinco anos, continua a ter mais de 40% da população a viver em condições de pobreza.

Nas primeiras declarações depois de conhecidos os resultados, a mulher de Néstor Kirchner, ex-presidente argentino, admitiu que este é o maior compromisso da sua vida em circunstâncias económicas e sociais muito diferentes, e que a Argentina não voltará ao passado – uma referência à crise que abalou o país entre 1999 e 2003.

Eleita sobretudo graças aos votos da população menos instruída e mais pobre (em Buenos Aires, por exemplo, Elisa Carrió venceu), Kirchener garantiu que vai construir um país “de todos, para todos, onde todos tenham as mesmas oportunidades”.

Oposição teme recaída da economia

A futurologia, tão vincada em noites de eleições, não tardou em aparecer. Em Buenos Aires, os apoiantes de Cristina, e também do marido, Néstor, mostravam-se confiantes numa consolidação das medidas tomadas pelo anterior governo. Segundo Alejandro Árbol, um “kirchnerista” convicto, o executivo anterior “deu verbas a quem não tinha o que comer”.

Mas também houve quem profetizasse uma nova crise para a Argentina. Junto da sede de apoio de Carrió, muitos eram os que criticavam as mediadas de Néstor que, segundo eles, “massacrou a inflação e atribuiu subsídios sem critérios”. E não hesitarem em afirmar que, “mais tarde ou mais cedo, a economia vai voltar a dar sinais de fraqueza”.

Nestas eleições não faltaram igualmente as suspeitas de adulteração dos resultados. Ao início da noite de ontem, segunda-feira, surgiram suspeitas da falta de alguns dos votos da oposição, o que levantou de imediato um clima de crispação entre as duas facções. Mas, apesar da promessa de investigações futuras, os resultados que deram a vitória a Kirchner acabaram por ser aceites pela oposição.