O Museu de Arte Contemporânea de Serralves (MACS), no Porto, começa o mês de Novembro com duas inaugurações: a primeira retrospectiva internacional da artista plástica brasileira Lúcia Nogueira e uma mostra de esculturas da colecção da Fundação de Serralves. As duas exposições vão estar patentes até Janeiro do próximo ano.

“Sem isto ou aquilo”, de Lúcia Nogueira, e a mostra “Lugares e Materiais” têm em comum usarem apenas materiais da vida quotidiana. “Os museus são lugares onde a memória é uma filigrana que doura e costura o presente”, sublinhou João Fernandes, director do MACS, durante a apresentação das exposições.

Quem mais é que faria esculturas com catterpilars? No ponto de vista do comissário desta exposição, Adrian Searle, mais ninguém se atreveria a trabalhar com os materiais com que Lúcia Nogueira trabalhou.

Artista de origem brasileira, Nogueira desenvolveu toda a sua carreira em Londres desde a década de 80. A sua linguagem artística chega até nós em forma de escultura, desenho e pintura. A artista moldou vários materiais desde cordas de cetim e tubos de borracha a triciclos partidos e guarda chuvas.

“As obras de Lúcia Nogueira convidam o visitante a jogar com elas psicologicamente”, diz Adrian Searle.

Os desenhos foram outra forma de expressão artística para a brasileira. Os quadros da exposição fazem parte da sua última obra e Adrian Searle fez questão de chamar atenção para o “aspecto doloroso” que estes transmitem.

Naquela que será a sua primeira exposição em Portugal vão estar expostas 45 esculturas e 34 desenhos.

Divulgar ao público a arte contemporânea

“Lugares e Materiais” é o nome da segunda exposição que, a partir desta sexta-feira, também pode ser vista em Serralves.

Trata-se de uma colectânea com várias obras de diversos autores: Joel Shapiro e Robert Grovenor, Jörg Immendorf, Neil Jennery, Robert Morris, Blinky Palermo, Tobias Rehberger. Evidencia os caminhos que a escultura tomou nos últimos 15a 20 anos.

“São monumentos históricos da nossa colecção”, diz João Fernandes, também comissário da exposição. A colecção do MACS é feita de inúmeras e valiosas obras de que estas cinco obras são apenas uma pequena amostra.

É “uma exposição que tem como principal finalidade divulgar entre os portugueses de que trata realmente a arte contemporânea”, aponta. Constituída por obras em grande escala ou por obras de tamanho “quase” insignificante, é evidente a sua diversidade estética e conceptual.