José Rodrigues, escultor responsável por trabalhos como o famoso Cubo da Praça da Ribeira, no Porto, encontrou na recuperação de uma antiga fábrica de chapéus, na freguesia portuense de Santo Ildefonso uma forma de expor o que de mais importante criou ao longo da vida e de incentivar jovens à criação artística.

O objectivo é abrir as portas ao público em Fevereiro de 2008. Até lá, trabalha-se até ao pormenor mais insignificante para que a antiga Fábrica Social possa renascer como Fundação José Rodrigues.

O edifício será composto por 20 ateliês, residências, um auditório para mais de 100 pessoas, várias salas de exposições permanentes e rotativas, arquivo documental, espaços de reflexão e convívio e um bar.

O espaço onde agora nasce a instituição é o mesmo onde Rodrigues, hoje com 71 anos, manteve ateliê durante mais de 20 anos, mas de onde teria sido forçado a sair se não tivesse comprado a antiga fábrica.

“Tudo em mim são coisas do destino, eu pouco tenho a ver com isto, alguém me empurra. Desde o princípio olhei para esta fábrica e senti um fascínio Mas o que é que foi? Não sei”, conta.

Dar oportunidade aos jovens

O principal objectivo do escultor para o espaço é fazer convergir diferentes formas de pensamento e de arte, porque “sem diversidade não há cultura”. Outro pilar do projecto é dar oportunidade aos jovens de mostrar o que valem, num momento em que tão poucos incentivos lhes são dados.

Uma sala de 200 metros quadrados está reservada para expor alguns dos trabalhos mais representativos da obra do escultor, desde cerâmica a cenários de teatro, passando por medalhística e desenho.

Além de criador, José Rodrigues é também coleccionador, daí que no projecto haja também áreas reservadas para expor obras de Almada Negreiros, Mário Eloy, Júlio Resende, Júlio Pomar, entre muitos outros nomes sonantes da arte portuguesa.

Haverá ainda um auditório com cerca de 200 metros quadrados reservado à realização de concertos, peças de teatro e exposições de artes plásticas ou artesanato.

José Rodrigues trocou Vila Nova de Cerveira (onde é proprietário do Convento de Sampayo) pelo Porto para se dedicar a este projecto. “Finalmente vou conseguir expor o que contruí ao longo de 70 anos”, diz. É no Porto que diz querer morrer, porque a Invicta é indissociável da sua vida. Por enquanto, vai continuar a acompanhar quase 24 horas por dia o crescimento do projecto.