Não seriam mais de 30 os alunos da Universidade do Porto (UP) que se manifestaram hoje, quarta-feira, na praça Gomes Teixeira, frente à Reitoria. As principais reivindicações prenderam-se com o progressivo aumento do valor das propinas, o sistema de empréstimos a estudantes, que dizem ser um “negócio”, e com a adaptação da UP ao Processo de Bolonha.

Os estudantes seguraram uma faixa com o slogan “A educação não é um negócio” e gritaram frases contra as propinas, Bolonha e a privatização de muitos dos serviços na universidade (bares, serviços de fotocópias, entre outros).

António Valpaços, aluno da Faculdade de Letras da UP e porta-voz dos alunos, disse que “o 1º ciclo não dá para integrar o mercado de trabalho. Os mestrados têm valores de propinas altíssimos, que os estudantes não podem pagar”. “É uma política de completa irresponsabilidade e temos que mostrar a nossa insatisfação. Queremos uma escola pública com qualidade para todos, como manda a Constituição Portuguesa”.

Críticas à FAP

O porta-voz referiu ainda que a manifestação também pretendeu mostrar descontentamento face ao novo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES).

Acusou a Federação Académica do Porto (FAP) de “passividade” nesta matéria, apostando no “diálogo” e não nas “ruas” – uma opção errada para António Valpaços porque o novo regime retira representatividade dos estudantes nos órgãos de gestão das instituições.

“É uma vergonha o valor que pagamos de propinas. Protesto contra a falta de acção social do Estado, que tem obrigação de levar a cabo uma acção social que permita a todos ingressar no ensino superior público. Cada vez mais em Portugal o ensino superior é para os que podem, e não para os que querem”, declarou Pedro Gonçalves, da Faculdade de Direito.

Os manifestantes acreditam que o ensino superior pode ser gratuito. Basta que, segundo o porta-voz dos estudantes, “haja uma política que esteja ao interesse da população e ao interesse do país, o que não se tem verificado”. “Nós, alunos, falamos de um subfinanciamento do Estado em relação ao ensino superior porque, de facto, ele é financiado pelos estudantes”.

“Não se pode dizer que foi uma grande manifestação, mas pelo menos serviu para dar a conhecer o nosso descontentamento ao Governo”, referiu a aluna Margarida Silva.