“O Futuro do Jornalismo” foi o mote para último debate do quarto ciclo de discussões organizadas pelo Clube dos Pensadores. O hotel Holiday Inn, em Gaia, juntou, ontem, segunda-feira, à noite, directores de jornais, jornalistas experientes e administradores de empresas de comunicação social.

O director do “Público” abriu a discussão falando sobre a Internet. Segundo José Manuel Fernandes, tem havido nos últimos tempos uma enorme transformação no acesso à informação por parte dos consumidores. A Internet substitui muitas vezes os jornais, pois “a Net fez em menos de cinco anos aquilo que a rádio e a televisão demoraram décadas a fazer”.

O jornalista acrescentou que um dos motivos para o afastamento das pessoas em relação aos media tradicionais – e da migração da publicidade no mesmo sentido – é a sequência obrigatória dos mesmos. A tendência é para “cada indivíduo fazer a sua própria escolha dos conteúdos“.

Receio pelos futuros jornalistas

Preocupado com o futuro desconhecido, Leite Pereira confessou: “Gostava de saber onde vou trabalhar daqui a cinco anos; estarei a fazer jornalismo, mas não sei como”. Questionado por um elemento da plateia sobre o futuro dos licenciados em jornalismo, o director do JN esclareceu: “Não sei qual vai ser o futuro deles”.

“A rádio dava a notícia, a televisão mostrava, a Net faz as três coisas”, afirmou o director do “Jornal de Notícias” (JN). Os consumidores são agora muito mais exigentes do que os de há alguns anos porque estão mais informados, mesmo sem consumirem notícias.

18 debates

Este não foi o primeiro debate do Clube dos Pensadores centrado na comunicação social. O clube já discutiu também outros assuntos, como o ambiente. O fundador, Joaquim Jorge, promete novos temas para o próximo ciclo, em 2008.

Ainda segundo o director do JN, o jornal em papel está em risco e o futuro do jornalismo passa obrigatoriamente por “trabalhar para diferentes patamares em simultâneo“. Uma ideia partilhada por José Marquitos, administador do “Sol”: “Não adianta lutar contra o destino”.

José Marquitos diz que os desafios do jornalismo são extraordinariamente interessantes, mas refere que tem havido muita dificuldade em encontrar o modelo ideal de transição entre o papel e o on-line. “Os novos modelos crescem, mas o dinheiro para os suportar não”.

Representando a sociedade civil, a professora Lucinda Haettich defendeu que os fóruns, chats e blogues fazem com que hoje em dia “cada um de nós seja um jornalista amador”. No entanto, os jornalistas continuam a ser cada vez mais necessários, já que têm as regras, a conduta e a informação credível que o indivíduo comum não tem. “O que os jornalistas profissionais precisam é de se reinventar”, concluiu.