Há seis meses, a Comissão Europeia desenhou os primeiros traços para a agenda cultural da Europa. Com esta medida, a União Europeia (UE) responsabiliza-se a desenvolver projectos culturais, uma área que até agora estava reservada apenas para os governos nacionais e cujo peso económico já se traduz em 2,7% do PIB europeu.

Os objectivos são vários: aproximar os estados, favorecer a criação de espaços teatrais em todo o território e dinamizar o conhecimento mútuo entre as diferentes culturas.

É neste contexto que surge o encontro Teatro Europa, sexta-feira e sábado, inserido no segundo Portogofone.

O encontro vai orientar a discussão para a “consciência da relevância económica do teatro, sem tender para a abordagem generalista e economicista”, segundo o coordenador-geral do Portogofone e director do departamento de Relações Internacionais do TNSJ, José Luís Ferreira.

Estas conversas procuram “apanhar no momento certo” o processo da agenda cultural europeia e sublinhar o papel particular do teatro na “afirmação cultural no exterior”, já que “é quando o teatro viaja que a língua em acção viaja também”, acrescenta.

O objectivo do Teatro Europa e da Assembleia Geral da União dos Teatros da Europa (UTE) é estimular a reflexão sobre a “criação teatral na Europa hoje”. Já no âmbito nacional, o Teatro Europa será o palco de discussão e avaliação de uma das missões culturais do Estado: a democratização do acesso à criação artística.

Compreender como se gere a cultura

Uma das questões-chave, segundo José Luís Pereira, é compreender se o teatro e a cultura “são ou não uma missão pública” e encontrar a melhor maneira para gerir as indústrias culturais “de modo não instrumentalizado e autónomo”.

O debate será organizado em três mesas-redondas, com três diferentes temas: “Criação Artística e ‘Identidade Europeia'”, “Políticas Públicas para as Artes Performativas: Estado da Arte e Futuro aos Níveis Local, Nacional e Europeu” e finalmente “A Liberdade de Criação e a Diversidade de Expressões num Mundo Globalizado”.

As discussões contam com a intervenção de personalidades como Manuel Maria Carrilho, ex-ministro da Cultura português; o director do Centro Pompidou, Bernard Stiegler (através de um testemunho filmado); Pascal Brunet, director do Relais Culture Europe; e artistas independentes, da UTE e da Comissão de Teatros da Europa.

O resultado deste encontro será um documento, onde vão ser enunciadas as principais conclusões. José Luís Ferreira desconhece qual será o resultado prático destas ideias, mas espera que tenham “peso político”.