Contra o “fachadismo” e a demolição do interior do Mercado do Bolhão, deixando só a fachada intacta. São as palavras de ordem do protesto marcado para esta segunda-feira à noite, em frente à Câmara do Porto, organizado por um movimento “cívico e estudantil”.

O “gesto cívico” está agendado para 20h30, meia hora antes de começarem os trabalhos da Assembleia Municipal, onde o projecto de reconversão do mercado num edifício multifunções deverá ser viabilizado graças à maioria PSD/CDS-PP. A oposição de esquerda vai votar contra.

“O que assusta é que a Assembleia Municipal vai decidir uma coisa que a cidade não sabe muito bem o que é”, diz ao JPN Daniel Santos, porta-voz do movimento. “O que nos preocupa é que queiram mudar radicalmente o que lá está. Parece um bocado invasor do que é o mercado. É a política do fachadismo, é achar que o interior não é importante”.

O grupo, que conta com muitos estudantes de Arquitectura da Universidade do Porto, redigiu um manifesto [PDF] para enviar ao Presidente da República, à presidente da UNESCO e ao Provedor de Justiça. Estão ainda a ser preparadas tertúlias em cafés da cidade para discutir este e outros temas.

Duas visões

O primeiro subscritor do texto é o arquitecto Joaquim Massena, autor de um projecto de reconversão que foi aprovado pela autarquia em 1998, mas que Rui Rio não quis aplicar.

Daniel Santos diz que o grupo não “quer defender o projecto de Joaquim Massena”, mas antes “que se encontre o melhor projecto”. De qualquer forma, defende que com o projecto anterior o Bolhão manter-se-ia sem grandes mudanças.

“Gosto bastante do projecto e respeito o arquitecto Joaquim Massena, com quem reuni recentemente”, disse ao JPN Pedro Neves, engenheiro da TramCroNe, a empresa que vai reabilitar e explorar o Bolhão.

Para Pedro Neves, esse projecto implicaria o financiamento da câmara (nas obras e na manutenção do espaço), modelo que a autarquia preferiu não seguir, decidindo entregar a privados a reconversão. Daí que, defende, só com mudanças de fundo, que passam pela demolição do interior e construção de dois novos pisos, é que será possível rentabilizar o investimento de 50 milhões de euros que vai ser feito.