“Dada a situação de encruzilhada em que o regime tem vindo a mergulhar, com preocupantes sinais de reduzida governabilidade”, o presidente da Junta Metropolitana do Porto (JMP), Rui Rio, considera que vale a pena debater “se a regionalização não poderá ser um dos instrumentos necessários para revigorar e credibilizar o próprio regime”.

“É chegada a hora de abrir um amplo debate sobre mecanismos de decisão descentralizada, construindo um modelo sólido e equilibrado que combata a nossa tradicional tendência macrocéfala de decisão política, sem abrir caminho a rupturas desagregadores, de desperdício ou de tendências autofágicas”, afirmou Rio, esta segunda-feira, no arranque do 3º Encontro Porto Cidade Região.

“O poder político tem enorme dificuldade em fazer reformas”, esclareceu aos jornalistas. “Não defendo que se dê um passo concreto [rumo à regionalização] antes de 2009. Nas eleições legislativas de 2009, todos os que se candidatam deviam assumir que na legislatura seguinte vão pensar no assunto”. Mas, ressalvou, antes de convocar um novo referendo, deve procurar-se um “consenso” para evitar divisões e nova derrota do “Não”.

Coordenar meios

Sem a regionalização na agenda da presente legislatura, a união de esforços entre autarquias, Executivo, universidades e empresas foi a tónica geral dos discursos de arranque do Porto Cidade Região, um fórum de discussão organizado pela Universidade do Porto (UP) e JMP que decorre esta segunda e terça-feira.

Rui Rio considerou que o quadro actual dá “suficientes razões” para ser optimista. “A Área Metropolitana do Porto, pese embora as perturbações que vem sentindo por efeito da transformação do seu aparelho económico, atinjiu já um nível de desenvolvimento que lhe permite assumir-se com a necessária força para ultrapassar a crise que tem vindo a atravessar”, sustentou.

Para o autarca portuense, a cidade do Porto “sempre foi, é e será a cabeça desta vasta região”, que se tem afirmado pela “bandeira da ciência”,”força mobilizadora das universidades”, iniciativas empresariais, “grandes eventos” desportivos e culturais e por possuir uma eficiente rede de transportes.

Com estes meios já disponíveis, falta “coordenar meios” em áreas como a reabilitação do património e da Baixa do Porto, tarefa para “muitos anos” e que constitui uma “oportunidade soberba” para os investidores imobiliários.

“Urge também reorganizar arede de parques empresariais” da AMP e “dinamizar os instrumentos de promoção internacional, no sentido do reforço da ‘marca Porto’”, defendeu Rio.