Director da empresa C Concept Design, Matthew Vander Borgh é a pessoa por trás do projecto arquitectónico da reabilitação do Mercado do Bolhão. O holandês respondeu, por e-mail, a algumas questões do JPN.

Como vai ser projectada a modificação do edifício do Bolhão?

O nosso objectivo é reter o máximo possível das características únicas do carácter e design existente. Enquanto arquitectos, vamos respeitar a herança histórica do design e restaurar o máximo que possamos das fachadas e dos detalhes arquitectónicos. Contudo, o edifício existente está num estado de decomposição precária com sérios problemas estruturais e de contaminação que precisam de ser resolvidos para tornar o usufruto público seguro.

Enquanto urbanistas, estamos empenhados no respeito do programa cívico do edifício. Manter o mercado aberto é fundamental para a proposta. Procuramos dar uma resposta às exigências modernas de um mercado higiénico, enquanto acrescentamos lojas, estacionamento e habitação para apoio do mercado.

Podia dar outros exemplos de edifícios na Europa que estejam a passar pelo mesmo processo?

A cidade de Roterdão, na Holanda, está a construir um mercado novo com um programa semelhante e é, também, na Baixa. Tiveram problemas com a criação de um mercado aberto que respondesse às exigências actuais de saneamento (particularmente devido à doença das vacas loucas) e à logística do tráfego e do abastecimento. O novo mercado tem habitação em vários pisos, estacionamento subterrâneo, muitas lojas e restaurantes que servem o coração do centro da cidade.

É uma resposta aos desejos dos compradores de se ser fiel ao formato histórico de mercado aberto que não foi substituído pelo supermercado ou hipermercado. Os compradores adoram comprar os seus produtos de vendedores locais com uma cara amigável.

Quão modificada vai ser a fachada? Foi dito que o interior teria de ser “inevitavelmente” demolido.

A nossa intenção é não modificar o design das fachadas externas. São lindíssimas e queremos restaurar os detalhes originais para tornar os elementos arquitectónicos seguros. As fachadas das lojas vão ser um desafio, já que foram modificadas muitas vezes no passado e precisarão de responder a novos comerciantes.