Foi por entre muitas críticas ao Governo que foi feita a apresentação da programação – quase definitiva – do Fantasporto, esta quinta-feira. O festival de cinema fantástico do Porto, na sua 28ª edição, começa no próximo dia 25 e vai até dia 9 de Março.

Mário Dorminsky, da direcção do festival, explicou que a organização se sente “extremamente frustrada”, particularmente pela redução do apoio do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), que terá passado de 150 mil euros para 120 mil (e que em 2010 vai ser de 130 mil euros).

No rol das críticas, está ainda a redução no apoio do Instituto do Turismo, de 100 para 50 mil euros este ano – uma situação que gerou alguma polémica. Em parte por estas razões, Dorminsky afirmou que este ano vai-se realizar um “Fantas” “contra tudo e contra todos”, apesar de reconhecer os contributos da Câmara do Porto, em particular do vereador da Cultura, Gonçalo Gonçalves.

“O Estado, que sempre nos apoiou, segue agora as valências mais mediáticas do que é a sua governação”, afirmou Dorminsky, criticando aquilo que considera ser “a centralização do poder em Lisboa” e que se reflecte num “esquecimento do Norte”, região que apelida de “mal-tratada”, apesar do “grande número de ministros” que é do Porto.

Verba do ICA é “ridícula”

O fundador do Fantasporto classificou o orçamento [PDF] de 750 mil euros do ICA destinado a festivais de “ridículo”, explicando que não defende que os restantes festivais recebam menos, mas que todos os eventos recebam muito.

Contudo, o também vereador da Câmara de Gaia salientou que cortes como o do ICA passam despercebidos para o público e que a programação não foi afectada por isso. O orçamento do Fantasporto deste ano é de quase 3,5 milhões de euros, 2,5 dos quais destinados à campanha mediática do evento.

Mário Dorminsky admitiu levar a questão do “abandono” da região Norte à Assembleia da República e afirmou que já tem efectuado contactos com deputados da Comissão de Cultura do Parlamento.

O 28º Fantasporto começa dia 25 de Fevereiro com o filme “Este país não é para velhos” (dos irmãos Joel e Ethan Coen, nomeado a oito Óscares da Academia) e decorre nos teatros Rivoli e Sá da Bandeira, bem como em 10 salas dos cinemas Lusomundo, até dia 9 de Março.

Entre os principais convidados do certame, estão o “actor-fetiche” de Ingmar Bergman, Max Von Sydow, e o realizador italiano Dario Argento. Vão ter lugar retrospectivas do realizador português Fernando Lopes e do chileno Alejandro Jodorowsky.