“Tropa de Elite”, o filme brasileiro que retrata a corrupção policial e a actividade do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais), grupo policial da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, que actua em situações críticas ou em missões especiais, ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim.

Duramente criticado pela imprensa internacional, apelidado até de “fascista” e de ser apologista de ideologias de “extrema-direita”, “Tropa de Elite” obteve no festival alemão o reconhecimento que já tinha, mesmo antes da estreia, sendo o filme mais comentado do ano no Brasil. Aliás, estima-se que mais de 11 milhões de pessoas assistiram à cópia pirata do filme.

“Para alguém dizer que o filme é radical ou fascista tem que ignorar o significado da palavra fascista. O filme foi mal interpretado. Quis explicar como o Estado corrompe os policiais e os incita à violência. O que vemos acontece de verdade no Brasil, é triste mas é um facto”, disse o director do filme, José Padilha, citado pela AFP.

O Presidente da República do Brasil, Lula da Silva, também comentou o facto da longa-metragem brasileira ter ganho o maior prémio do festival, destacando o facto de esta ser uma forma de “projectar um pouco mais o Brasil, os problemas do Brasil, mas também as eficiências”.

A longa-metragem de José Padilha foi baseada no livro “Elite da Tropa”, escrito por dois antigos elementos do BOPE, André Batista e Rodrigo Pimentel, em parceria com o antropólogo Luiz Eduardo Soares, e conta a história de um coronel do BOPE (interpretado por Wagner Moura) que procura alguém para o substituir e que tem a missão de assegurar a estabilidade e clima de paz na favela, na altura da visita do Papa João Paulo II ao Rio de Janeiro, em 1997.