Um jovem de 15 anos morreu esta segunda-feira vítima de atropelamento por um comboio, em Vila Nova de Gaia, entre as estações das Devesas e de General Torres.

Pouco passava das 17h00 quando o rapaz caminhava sobre um pontão junto à rua do Choupelo, na freguesia de Santa Marinha, e foi surpreendido por um comboio que o projectou para fora da linha ferroviária. Uma equipa do INEM ainda tentou salvar a vida do aluno da Escola EB 2/3 do Choupelo, situada a poucos metros, mas o rapaz acabaria mesmo por falecer no local.

A situação que se tem vindo a repetir por diversas vezes, ao longo das linhas ferroviárias de Gaia nos últimos anos. Segundo os responsáveis das estações ferroviárias de Gaia, o cenário deve-se exclusivamente ao descuido dos peões.

Laurindo Sá trabalha na estação das Devesas e não tem dúvidas: “As pessoas não têm cuidado nenhum. Se ainda caíssem, ou algo do género, mas não, elas caminham tranquilamente pela linha fora”.

O empregado da REFER (Rede Ferroviária Nacional) diz que casos destes não são apenas aqueles que são noticiados na comunicação social: “Não há semana nenhuma em que isto não aconteça”.

Augusto Sousa e José Trigo, responsáveis pela manutenção e segurança da estação de Valadares, convergem na mesma opinião: “As pessoas pensam que vão na estrada, não olham antes de atravessar”. Augusto Sousa acrescenta que “uma percentagem mínima [dos acidentes] é motivada pela falta de meios de segurança; o resto é descuido”.

Sem vigilância

Durante um percurso pela linha ferroviária que atravessa Gaia, o JPN constatou que, tanto em Coimbrões como na Madalena, não há qualquer tipo de vigilância – algo que, aliás, acontece na grande maioria dos apeadeiros gaienses e que tem provocado a indignação de muitos passageiros.

José Trigo trabalha no meio há várias décadas e defende a REFER, quando questionado precisamente sobre a falta de segurança. “Para que servem as linhas amarelas? As pessoas não ligam! A empresa não pode fazer nada, não se pode controlar as linhas metro a metro”, defende, enquanto relata vários episódios de atropelamentos que não provocaram vítimas mortais, falando de “indivíduos que ficaram paralíticos, com problemas mentais ou outros que, hoje, só os reconhecemos pelos óculos”.

Com este caso, aumenta para nove o número de vítimas – adolescentes, na maioria – de atropelamento nas linhas do concelho no último ano e meio; e seis delas apenas nos últimos 10 meses.

Os troços entre as estações de Valadares, Devesas e General Torres e entre os apeadeiros de Granja, Francelos, Madalena e sobretudo Coimbrões, onde ainda no mês passado morreu outra adolescente, são os locais com maior incidência de acidentes deste tipo.