Foi no passado domingo que, pela primeira vez, se viu um avião com um dos seus motores a ter biocombustível. Entre Londres e Amesterdão, o aparelho da companhia aérea Virgin Atlantic voou sem passageiros a bordo, a título experimental.

O avião comercial teve quatro motores, um deles movido exclusivamente a biocombustível, tendo os outros três usado combustível convencional. Esta medida serviu para reduzir o risco do voo, caso o motor movido a biocombustível tivesse alguma falha.

O biocombustível usado foi feito através de uma mistura de óleo de coco e babaçu e, segundo a companhia, não compete com fontes de alimento importantes. Um dos objectivos principais é reduzir as emissões de dióxido de carbono.

Reacções menos positivas

Temia-se que o combustível pudesse congelar em grandes altitudes, mas nesta primeira tentativa, isso não aconteceu.

No entanto, muitos ambientalistas não vêem com bons olhos estas experiências. Dizem que não são soluções para diminuir o aquecimento global, pois as plantações que seriam utilizadas para gerar combustível estariam a reduzir a produção de comida.

Em declarações à BBC, Kenneth Richter, do grupo ambientalista Friends of The Earth, dá a sua opinião: “Nós achamos que o voo de biocombustível da Virgin é mais uma manobra de distracção das soluções reais para as mudanças climáticas”.

“As últimas pesquisas científicas sobre biocombustíveis demonstram claramente que esse género de combustível não reduz significativamente as emissões. E, ao mesmo tempo, nós estamos muito preocupados em relação ao impacto desta expansão em larga escala da produção de biocombustível para o meio ambiente e os preços dos alimentos”, diz o ambientalista à cadeia de televisão britânica.

Por outro lado, a Virgin Atlantic insiste que o uso de biocombustível ajuda no corte das emissões de gases causadores do efeito estufa. O proprietário da companhia aérea, Richard Branson, defende que este voo experimental serviu para que “as companhias pudessem ver que os aviões vão começar a usar este tipo de combustível muito antes do esperado”.

“O combustível provém de fontes verdadeiramente sustentáveis e que não coloquem em risco recursos naturais para a obtenção de alimentos ou água”, afirmou Branson, em comunicado. “Este voo de demonstração deu-nos um conhecimento chave que poderemos usar para reduzir nossas emissões de carbono”, acrescenta o multimilionário.

Utilização plena dentro de 10 anos

Depois de uma primeira experiência com um Airbus, onde o biocombustível usado era sintético, a Virgin tornou-se assim na primeira companhia aérea em todo o mundo a usar combustíveis à base de óleos naturais.

Esta foi uma iniciativa da Virgin Atlantic, juntamente com outra companhia aérea, a Boeing, e a fabricante de motores General Eletric. A Virgin acredita que, com a colaboração destas duas empresas, as linhas aéreas poderão utilizar a energia de plantas normalmente daqui a 10 anos.