A Associação Nacional de Professores (ANP) vai aderir à manifestação convocada pela Fenprof, no próximo dia 8 de Março, em Lisboa. A associação, que tem 23 anos de existência e sempre manteve a distância do “plano sindical”, vai juntar-se pela primeira vez aos protestos dos professores contra a actuação do Ministério da Educação (ME), porque “está em causa a profissão”, explica o presidente da ANP, João Grancho.

A decisão da ANP é motivada pelo “desrespeito” pelos professores demonstrado pelas recentes políticas educativas do ME, declara João Grancho, e “não tem nada a ver com nenhuma ideologia”.

As novas medidas põem em causa “as perspectivas futuras da profissão” e “interferem com o quadro deontológico”, acrescenta. A organização já actuou no sentido de obter audiências com o Presidente da República e com os grupos parlamentares.

São cerca de 12 mil membros por todo o país e “serão de certeza milhares” a aderir ao protesto, afirma o presidente da ANP. Muitos dos membros já tinham manifestado, “através de comunicação interna”, a vontade de participar na manifestação.

Contra o sistema de avaliação de docentes

Um dos motivos de protesto é o novo sistema de avaliação de docentes. A ANP não discorda do conteúdo, mas sim “da forma como está a ser desenhado”. João Grancho defende que “os critérios [de avaliação] são de grande subjectividade” e que o sistema foi lançado “de forma voluntariosa” e “sem ser aferido previamente”.

A ministra da Educação afirmou, terça-feira, que “não há providências cautelares que possam interromper o processo de avaliação”. O presidente da ANP considera que “o próprio ME não seguiu os normativos indispensáveis” para implementar o sistema e que, já que os tribunais aceitaram pelo menos quatro providências cautelares, tem de se sujeitar a cumprir a lei.

O mesmo se aplica ao pagamento das aulas de substituição como horas extraordinárias: “Os professores não querem mais dinheiro, querem o cumprimento da lei”, declara João Grancho.