Morreram, na noite de terça para quarta-feira, mais 77 guerrilheiros curdos, em confrontos com as tropas turcas no norte do Iraque. Há, também, registo de 5 baixas no exército turco.

O número de vítimas curdas desde o início da incursão turca no norte do Iraque, iniciada na semana passada, sobe, assim, para as 230, segundo números do exército turco. Por seu lado, as tropas de Ancara contam 24 mortos. No entanto, o PKK (Partido de Trabalhadores do Curdistão) apresenta números diferentes e afirma haver já 81 baixas do lado dos turcos. O PKK é considerado pela União Europeia e pelos EUA uma organização terrorista.

O Iraque já apelou ao fim da incursão turca no seu território, pois o prolongamento da operação poderá trazer consequências “terríveis” por se tratar de uma violação da soberania do país.

O secretário de defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, que se encontrou esta quinta-feira com dirigentes turcos em Ancara, considera que a operação da Turquia não deve durar mais do que “uma semana ou duas”, citado pela BBC. Gates disse, no dia anterior, em Nova Deli, que “é muito importante que os turcos encurtem esta operação e que depois abandonem e estejam cientes da soberania do Iraque.”

Já a Turquia não partilha da mesma opinião. “O nosso objectivo é claro, a nossa missão é clara e não há um prazo a não ser que as bases terroristas sejam eliminadas”, afirmou, citado pela AFP, o enviado especial turco ao Iraque, Ahmet Davutoglu, numa conferência de imprensa depois de se ter reunido com o ministro iraquiano dos Negócios Estrangeiros, Hoshiyar Zebari. Acrescentou que nem a Turquia nem o Iraque poderiam tolerar a presença do PKK no norte do Iraque.

O ressurgir do Curdistão

O Curdistão nunca existiu formalmente. Desde a queda do regime de Saddam que os curdos têm vindo a ganhar mais autonomia e poder. Em Setembro de 2006, o presidente do Curdistão do Iraque, Jalal Talabani, ordenou que se hasteasse a bandeira curda em vez da iraquiana nos edifícios oficiais. A Turquia e o Iraque são os principais opositores da criação de um Estado curdo, uma vez que o Curdistão ocupa uma área significativa dos seus territórios.