O presidente do PSD, Luís Filipe Menezes, em entrevista à SIC-Notícias, propôs acabar com a publicidade no serviço público de televisão portuguesa, caso vença as legislativas em 2009. Menezes salientou no canal temático da SIC que sabe quanto é que custaria a medida apresentada. “São alguns quilómetros de auto-estrada”, declarou.
Modelo raro na Europa
A Grã-Bretanha e a Finlândia são os únicos países que possuem um canal público televisivo sem publicidade. A França pode ser o próximo país a implementar esta medida, depois do presidente francês, Nicolas Sarkozy, ter posto um fim aos anúncios publicitários na televisão pública, após as 20h00.
Manuel Pinto, professor do departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho (UM), em declarações ao JPN, afirma que o preocupa “ver uma matéria tão delicada e tão importante ser objecto de um mero jogo político e não apoiada em estudos, ao contrário do que a França fez, em que o presidente Sarkozy acabou de nomear uma comissão para estudar o modo de efectivar uma medida destas”.
O docente da UM defende que a ideia vale a pena ser estudada, embora seja mais “discutível o modo como a questão é lançada, como instrumento de um jogo político”.
“Impossível”, diz Morais Sarmento
Nuno Morais Sarmento, ex-ministro que tutelou a televisão pública no Governo de Durão Barroso, declarou à TSF que “é impossível, numa questão com esta seriedade e complexidade, reduzi-la e comentá-la numa proposta avulsa e, por isso, desencaixada, como a supressão de publicidade ou a privatização da televisão pública”. Morais Sarmento lembrou que as receitas da publicidade servem para saldar a dívida da RTP.
Manuel Pinto acrescenta que o contexto actual não é muito favorável à ideia lançada por Luís Filipe Menezes e que não acredita que a opinião pública esteja disposta a gastar mais com o serviço público de televisão, caso desapareça a publicidade.