Artur Santos Silva e António Mexia pintaram esta quinta-feira em uníssono, num colóquio em Serralves, um Portugal muito optimista: o menor défice público da história e a segurança social assegurada até pelo menos 2050 foram alguns dos pontos fortes.

O colóquio sobre a economia nacional integrou o terceiro ciclo de conferências “Portugal: Sim ou não?”. Perante uma sala cheia, os oradores discutiram a economia nacional. Quando confrontados com a pergunta que abrange todos os colóquios, “Portugal: Sim ou não?”, ambos foram peremptórios em acenar com a bandeira do “sim”.

Artur Santos Silva, presidente do Conselho de Administração do BPI, explicou que a solução para os problemas das finanças portuguesas não passa pela banca nacional, mas sim pela mudança de atitude. Sublinhou a necessidade de abandonarmos “a atitude protecionista” que nos caracteriza durante o século XX.

A pergunta “O que pode fazer um pequeno país vulnerável e dependente como o nosso?” foi o mote de abertura deste colóquio e ambos os oradores concordaram que a pequenez não é obstáculo se tomarmos como exemplo aquilo que os países nórdicos foram capazes de fazer.

António Mexia, presidente do Conselho de Administração da EDP, afirmou que “quem ganha mais numa economia aberta é o país pequeno, mas é necessario haver uma estratégia de diferenciação”.

A dependência, explicou Mexia, está relacionada com a capacidade de gerirmos bem os nossos recursos, sendo urgente saber “transformar competências em competitividade”. Artur Santos Silva salientou o facto de “nos últimos 40 anos” Portugal ter sido “dos países que mais cresceu a nível mundial”.

Quanto ao défice português os oradores deram nota positiva às politicas do Governo, que obteve o “menor défice público da história da Segunda República”. Mas realçaram o facto de ser necessário continuar com o esforço orçamental e esperar que o Estado não se renda a políticas populistas em época eleitoral.

Notas negativas

As notas negativas centraram-se na educação e na justiça. Os convidados caracterizaram um Portugal iliterado, com “pouca mão de obra qualificada e uma posição fraca em matéria de ciências e matemáticas”.

Perante uma audiência não tão optimista, os oradores acreditam que “Portugal está no bom caminho”, mas lembraram que é necessario continuar o esforço e passarmos de “um Estado Providência para um Estado Garantia”.