A Universidade do Porto (UP) encontra-se numa discussão interna sobre os novos estatutos, que terão que estar prontos até 10 de Junho. A possibilidade de agregar faculdades em escolas tem originado polémica, envolvendo professores e até o ex-reitor Alberto Amaral.

Em entrevista ao JPN, o reitor da UP afirma que a UP não está dividida, mas reconhece que sem oposição “não há mudança”. A passagem a fundação “não é nenhuma panaceia que resolve o problema da universidade”, mas pode ser “instrumento facilitador”, diz Marques dos Santos, que espera uma relação mais ágil com as empresas para ajudar a desenvolver o Norte, actualmente “atrofiado”.

Algumas faculdades já se manifestaram contra a reestruturação da UP. Estas divisões podem prejudicar o processo de mudança?

Para ser franco não noto esta divisão. Ao falar com as pessoas e com os directores das faculdades, não sinto este fervilhar de cisões e divisões. Sabemos que não é possível um processo como este com unanimidade. Vai haver sempre gente que está contra. Costumo dizer que 15 a 20% das pessoas tem que estar contra – se não estão contra, quer dizer que não há mudança. É preciso avançar e isso vai pôr algumas pessoas contra. Se a maioria estiver a favor, óptimo.

Pode fazer um balanço do que já está a ser feito?

É um processo que ainda está muito no princípio. A Assembleia Estatutária ainda está a elaborar um documento base sobre o modelo organizativo que vai colocar à discussão pública, faculdade a faculdade, embora já se possa discutir através de um fórum que está no Sigarra [plataforma da UP na Web] ou mandando informação por escrito. Estamos abertos a receber todas as propostas que houver. Depois a Assembleia Estatutária analisará todas e tomará a decisão que, neste momento, serve melhor a Universidade para o seu futuro próximo, porque também isto não vai cristalizar para toda a vida. Se calhar, daqui a 10 anos tem que se mudar outra vez isto. Temos que perceber que estes modelos não são fixos. Não podemos ficar parados à espera que as coisas aconteçam.

Falou-se que se a universidade passasse a fundação iria agrupar-se em cinco grandes escolas. É isto que vai acontecer?

Não tem nada a ver. O modo como a universidade se organiza é exactamente o mesmo sendo ou não fundação. Por isso é que eu digo que a fundação é um instrumento que pode aligeirar mecanismos de gestão e pode facilitar a obtenção de verbas complementares, de financiamento, de patrocínio. A maioria das pessoas que escreve nos jornais não conhece a lei. Por exemplo, esta ideia de haver cinco escolas: não há nenhum documento, há meramente uma ideia base que foi lançada para se começar a discutir. Até foi bom porque lançou a discussão.

Uma coisa que também sempre se disse é que as identidades actuais das faculdades devem ser mantidas. Falou-se em fusões de faculdades. Nunca ninguém pensou em fusões: uma coisa é fundir (alguma engolir ou desaparecer outras); outra coisa é juntar ou agregar, mantendo cada uma a chamar-se faculdade A, B ou C.