Esta semana ficamos a saber que 40 mil licenciados estão no desemprego. Ficou surpreendido com este resultado?

Não me surpreende. Os resultados são de Dezembro, três a quatro meses antes de terminar o ano lectivo. E estes números têm que ser lidos comparando com outras coisas. Segundo vi, este número é o mesmo que era não sei se há cinco ou 10 anos atrás. Mas, entretanto, aumentou 5 a 20% o número de licenciados, portanto, o número relativo é muito menor. Todos estes licenciados são desempregados há menos de um ano, apenas 25% estão há mais de um ano. Há aqui um potencial maior para encontrarem emprego – poderá não ser na sua área de formação, mas isto não é nenhum drama, vai acontecer cada vez mais. A formação de base é uma formação de arranque.

A maioria dos desempregados é mulher.

Não admira, pois hoje em dia temos muito mais graduados do sexo feminino do que do masculino.

E vive no Norte. O que é a universidade pode fazer para contrariar estes números?

A razão é simples. A economia não está desenvolvida, o Norte está atrofiado. Temos que desenvolver este Norte. E isto compete a nós todos, às empresas, às universidades. Temos que cooperar uns com os outros, não podemos colocar-nos cada um no seu cantinho para criar trabalho de qualidade.

A própria UP está a participar nisso. Temos agora uma empresa belga que estabeleceu aqui na UP o seu laboratório de investigação [a Ablynx], o Instituto Fraunhofer vai criar aqui no Porto também um centro, estabeleceram-se aqui no Norte algumas empresas de software que vão criar emprego qualificado. Na área da Engenharia Informática o desemprego é zero. É preciso que o estudantes procurem estas áreas, nos últimos anos ficaram centenas de lugares vagos nestas áreas. Se não houver graduados, as empresas não vêm para cá.