A Federação Europeia para Transportes e Ambiente, da qual a portuguesa Quercus faz parte, entregou em Bruxelas um estudo, intitulado “Tempo de Escutar”, que relaciona a morte de 50 mil europeus e também o facto de 200 mil cidadãos da União Europeia (UE) todos os anos passarem a sofrer de doenças cardíacas com o excesso de ruído.

Em Portugal, cerca de metade da população está exposta diariamente a um nível de ruído superior a 55 decibéis o que aumenta a probabilidade de ocorrerem doenças de coração das quais 20% podem ser fatais, explica o especialista em ruído e dirigente da Quercus Francisco Ferreira.

De acordo com Francisco Ferreira, o ruído rodoviário é, por vezes, ultrapassado, nos grandes centros urbanos como Porto e Lisboa, pelos ruídos ferroviário e aéreo, sobretudo nos períodos nocturnos.

O director do serviço de cardiologia do Hospital Amadora-Sintra, Victor Gil, afirma que as pessoas não desenvolvem doenças cardíacas apenas porque estão expostas, esporadicamente, a grandes ruídos, mas sim quando estão em contacto com barulho de uma forma quotidiana e principalmente em momentos de descanço.

O aumento da tensão arterial, explica Victor Gil, “deve-se a uma exposição constante a um elevado nivel de barulho aliado a uma vida ‘stressante'”.

Baixar os tectos de ruído

A Federação Europeia de Transportes e Ambiente acredita que é possível baixar os tectos de ruído em cerca de cinco decibéis, o que corresponderia a uma redução de cerca de 70% da poluição sonora. Francisco Ferreira considera que esta redução pode passar, em Portugal, pela legislação e pelas autarquias.