Os residentes de Alcobaça vão apresentar uma petição na Assembleia da República na qual se mostram contra a ligação Lisboa-Porto do comboio de alta velocidade (TGV). Os subscritores da petição alegam custos para as populações e também para o ambiente.

A petição é essencialmente subscrita pelos residentes no concelho de Alcobaça, em particular os das freguesias de Prazeres de Aljubarrota, São Vicente de Aljubarrota, Alpedriz, Benedita, Cós, Évora de Alcobaça, Pataias e Turquel, afectadas pela passagem do TGV.

O documento revela ainda o desagrado da população de Alcobaça face ao traçado proposto para o TGV que passa junto àquela região.

Paulo Inácio, primeiro subscritor da petição e presidente da Assembleia Municipal de Alcobaça e da concelhia do PSD, explicou ao JPN que “a petição consiste em solicitar à Assembleia da República que estude e analise as desvantagens ambientais da passagem do TGV a Oeste da Serra dos Candeeiros porque inicialmente estava previsto um traçado em que passava a este da serra”.

Para Paulo Inácio, “só faz sentido o TGV passar a este da serra”, onde há “menos população e os impactos ambientais são menores”. Para além deste pedido, o primeiro subscritor da petição pede que o Parlamento “faça uma análise da relação custo/benefício da real necessidade da ligação do TGV de Lisboa ao Porto”. Em suma, “são dois pedidos: um que o TGV, a passar, que seja a este da Serra dos Candeeiros e não a oeste; e, em segundo lugar, que analise se efectivamente existe a necessidade de ligação Lisboa ao Porto do TGV”.

“Consequências brutais ao nível do ambiente”

A petição que vai ser entregue às 15h00 de terça-feira na Assembleia da República questiona os custos ambientais da alta velocidade. Paulo Inácio considera que o TGV tem “consequências brutais na qualidade de vida das pessoas e também ao nível do ambiente.”

Os residentes de Alcobaça alertam que o TGV vai ter implicações ambientais no Património Geológico, no Parque Natural de Serra de Aires e Candeeiros, no sistema do Vale da Ribeira do Mogo, bem como nas depressões da Ataija, nos recursos hídricos, na ecologia da fauna e flora, no ruído, na paisagem e no ordenamento do território destas populações.

A manter-se o traçado projectado a Oeste da Serra dos Candeeiros, acrescenta Paulo Inácio, “toda essa zona será devassada, amputada na sua coesão e coerência territorial e humana, destruindo a relação entre a serra e o Homem”.

Caso a petição não tenha sucesso, o que Paulo Inácio confessa “não acreditar, pois a razão está do nosso lado”, o presidente da Assembleia Municipal de Alcobaça adianta que estão já a ser equacionadas “outras formas de luta, nomeadamente nos tribunais e na União Europeia”.