A Rota dos Feminismos inicia-se sexta-feira no Porto e vai levar cerca de 30 mulheres, jovens, operárias, sindicalistas, investigadoras, médicas, do Norte ao Sul de Portugal, em três dias. O objectivo é “auscultar e perceber os sentires e os quereres das mulheres portuguesas no século XXI”, explica Artemisa Coimbra, da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), que organiza o evento.

A caravana vai passar por várias cidades de todo o país, como Viana do Castelo, Viseu, Évora e Setúbal e estão planeadas diversas actividades, desde performances, música, danças e debates. No sábado, dia internacional da Mulher, as participantes lançam, em Coimbra, a campanha “Nem Mais Uma” para denunciar as mortes de mulheres vítimas de violência doméstica, em simultâneo com a Marcha Mundial de Mulheres, em Lisboa.

A UMAR espera “captar a atenção” das pessoas, especialmente das mulheres, e saber a sua opinião acerca de questões como a divisão do trabalho doméstico e a igualdade dos sexos no mercado de trabalho.

O evento inspira-se na viagem levada a cabo pela jornalista Maria Lamas, nos anos 40, para conhecer a situação das mulheres em Portugal. Essa investigação durou dois anos e resultou num livro, “As Mulheres do Meu País”, “um registo etnográfico social dos problemas das mulheres portuguesas”, afirma Artemisa Coimbra.

“Há muito trabalho neste campo que deve ser divulgado e debatido”

Esta viagem é uma preparação para o Congresso Feminista em Portugal, que se realiza, pela terceira vez, entre 27 e 29 de Junho, em Lisboa. O evento pretende “fazer um ponto de situação do conhecimento acerca do feminismo e do activismo”, explica Vânia Martins da UMAR. Tem o apoio de organizações como a Amnistia Internacional e de mais de 500 personalidades portuguesas, como Alexandre Quintanilha, Lídia Jorge e Inês Pedrosa.

Este encontro realiza-se 80 anos depois do último, pela necessidade de dar “visibilidade pública” à investigação que tem sido desenvolvido na área do feminismo, defende Artemisa Coimbra. “Há muito trabalho neste campo que deve ser divulgado e debatido”, conclui a activista.