Em 2007, registou-se um investimento de quase 66 milhões de euros na capacidade de produção de energias renováveis, uma indústria responsável por empregar globalmente 2,4 milhões de pessoas. Quase metade dos trabalhadores (1,1 milhões) opera na área dos biocombustíveis.

Estes são alguns dos dados patentes no relatório da REN21, uma rede mundial que incute à utilização de energias renováveis (ver caixa), referente ao ano passado.

Segundo o relatório, divulgado esta semana, o crescimento foi mais notório na Europa do que nos Estados Unidos da América. Os investidores apostam sobretudo em fábricas de turbinas, componentes eólicos e solar fotovoltaico.

Nesse sentido, verificou-se que todos os grandes fabricantes de turbinas assistiram a um aumento da sua capacidade produção, tendo de lidar, porém, com “dificuldades na cadeia de fornecedores devido ao rápido crescimento da procura, que colocou os fabricantes sob uma pressão sem precedentes”, revela o documento.

Energia solar fotovoltaica é líder

O que é a REN21?

A REN21 é uma rede mundial de promoção de energias renováveis. O seu objectivo é preconizar uma política de expansão destas energias nos países em desenvolvimento e nas economias industriais. Age junto de vários intervenientes: governos, ONGs, associações industriais, entre outros. Aliando os sectores energético, ambiental e económico, reforça a influência da única comunidade de energias renováveis existente, que nasceu da conferência “Renováveis 2004”, realizada em Bona.

No que respeita a energia eólica, constata-se que esta é a energia renovável com maior capacidade de produção, apresentando um crescimento de 40% face ao ano de 2006. No entanto, foi o solar fotovoltaico com ligação à rede eléctrica, o líder em termos de crescimento – entre 2006 e 2007 expandiu-se 50%. Cerca de 1,5 milhões de habitações obtiveram energia solar através dos seus telhados.

De acordo com as estimativas da REN21, as energias renováveis produzem uma quantidade de electricidade correspondente a um quarto da das centrais nucleares espalhadas pelo mundo, sem contar com as grandes barragens hidroeléctricas. Se estas forem incluídas nas contas, a electricidade produzida ultrapassa a das centrais atómicas.

“Potencial de criação de emprego” em Portugal

O relatório da REN21 apresenta os resultados ao nível mundial. O JPN procurou apurar a realidade das energias renováveis no contexto português.

Para a engenheira ambiental da Quercus, Filipa Alves, Portugal contribuiu de forma decisiva para os números do relatório do REN21. “O país tem investido nos últimos anos em fontes de energias renováveis”, afirma .

Se a energia eólica é a mais utilizada globalmente, em Portugal é a hídrica que está na linha da frente. Segundo a engenheira ambiental , esta é “ainda a grande fonte de energia no nosso país”.

Entre os 2,4 milhões empregados na indústria das energias renováveis, também se contam portugueses. Comparativamente com outros países que têm os mercados das energias renováveis muito mais desenvolvidos, Filipa Alves pensa que Portugal tem “potencial de criação de emprego”.

A par do crescente investimento nas energias renováveis, a consciencialização das pessoas face à sua necessidade de utilização também está a aumentar. “Penso que as pessoas estão cada vez mais conscientes da necessidade de apostar realmente nas energias renováveis, até pelas alterações que se estão a verificar no nosso clima”, remata a engenheira ambiental.