O Ministro da Administração Interna, Rui Pereira, anunciou esta sexta-feira que as visitas feitas a várias escolas fazem parte de um processo de averiguações que visa garantir a segurança na manifestação de sábado.

O processo de recolha de dados tem como objectivo de facilitar a circulação de pessoas e viaturas no dia da manifestação, assegurou Rui Pereira, que respondeu assim às várias vozes que se levantaram contra as visitas da PSP.

Foi solicitado a todos os comandos da PSP que averiguassem o número de professores que vão participar na manifestação, bem como de camionetas previstas e os horários e itinerários. A Direcção Nacional da PSP esclareceu que se trata somente de uma medida de segurança e prevenção.

A PSP já tinha visitado quarta-feira as escolas Clara de Resende, no Porto, e a EB 2,3 Clara de Resende, em Ourém, para pedir dados sobre os participantes na manifestação de sábado
A iniciativa foi encarada com indignação por alguns professores que consideraram tratar-se de uma manobra de intimidação.

Professores da escola Clara de Resende, no Porto, ouvidos pelo JPN, desvalorizaram a “visita” da polícia, que, segundo disseram, se limitou a fazer o levantamento do número de professores que vão participar na manifestação. De acordo com os professores, o agente da PSP que procedeu à recolha de dados pertence à divisão Escola Segura e a sua presença na zona é até habitual.

Alegre pede acção do Presidente

Numa nota publicada no seu site, o deputado do PS e vice-presidente da Assembleia da República Manuel Alegre considera que “a ida da polícia a várias escolas em vésperas de uma manifestação nacional de professores tem de ser rápida e cabalmente esclarecida”.

“É preciso saber quem foi, quem mandou e para quê. Não bastam explicações administrativas, exige-se uma resposta política de acordo com a tradição democrática do Partido Socialista e sem transferência de responsabilidades de cima para baixo”, acrescentou.

“Caso contrário, algo não estará certo nesta democracia, pela qual somos todos responsáveis. Sobretudo aqueles que por ela lutaram e aqueles a quem, como aos órgãos de soberania e, em especial, ao senhor Presidente da República, cabe garantir os direitos e liberdades dos cidadãos”.

FNE aprova processo de averiguação

João Dias da Silva, secretário-geral da Federação Nacional de Educação (FNE) disse à SIC Notícias que há indicação de que escolas do Norte receberam também a visita das forças policiais para detectar o grau de mobilização da escola relativamente à manifestação.

A FNE encara positivamente a iniciativa do ministro, mas considera que a recolha de dados individual significa procurar obter as diferenciações entre os estabelecimentos de ensino e não tanto saber o número de manifestantes que se vão deslocar de autocarro.