O Grupo de Acção das Mulheres (GRAM), do Sindicato dos Bancários do Norte (SBN), visitou este sábado, dia internacional da Mulher, o estabelecimento prisional especial de Santa Cruz do Bispo, em Matosinhos. As bancárias, acompanhadas por Cristiana Silva, técnica da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), abordaram a temática da violência doméstica, perante uma assistência atenta e participativa.

Cristiana Silva falou sobre a condição de ser mulher, que “é trabalhadora em casa e fora de casa”, e que é muitas vezes “violentada nos seus direitos e na sua dignidade”. Por isso, considerou importante continuar a celebrar o dia internacional da Mulher, mesmo “passados 151 anos após as mulheres se terem manifestado pela primeira vez”.

A técnica lembrou que, em 2008, as mulheres que trabalham ganham menos 150 euros do que os homens e que, quando um país atravessa uma crise económica “como agora acontece”, as mulheres são as primeiras a serem afectadas.

Tendo em conta que a maioria das pessoas que contactam a CIG são vítimas de violência doméstica, a técnica da comissão reforçou que “desde Maio de 2000 que a violência doméstica é crime público”, apelando a que fossem denunciados os casos de que as reclusas tivessem conhecimento ou em que estivessem envolvidas.

Violência física e psicológica

Cristiana Silva reforçou ainda que a violência doméstica “não é só física, mas também psicológica”, e que ambas estão previstas na lei.

Questionadas pelo facto de os casos de violência doméstica não serem, muitas vezes, denunciados, as reclusas apontaram como principais motivos o “medo e vergonha” e a “dependência económica”.

Pulseira electrónica para as vítimas

Uma das questões colocadas pelas reclusas foi “porque é que é a mulher que tem que sair de casa?”. A técnica replicou que, “noutros países, o agressor é que sai de casa”, o que também deveria ser aplicado em Portugal, onde “as 36 casas de abrigo não chegam para dar resposta a todas as mulheres” que necessitam de abandonar o lar.

Cristiana Silva advertiu ainda que “o homicídio muitas vezes acontece quando as mulheres já saíram de casa”, defendendo o uso da pulseira electrónica pelas vítimas.

Durante a visita ao estabelecimento prisional, as bancárias do GRAM distribuíram rosas e poemas pelas reclusas das quatro alas e da enfermaria. Ofereceram ainda um conjunto de livros sobre violência doméstica à biblioteca prisional.