A falta de voluntários tem-se feito sentir nas unidades de socorro das delegações do Porto e de Aveiro da Cruz Vermelha. A situação mais flagrante aconteceu no passado sábado, quando o serviço do Porto, que responde às chamadas de emergência dos associados e do CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes), esteve encerrado. Os voluntários tinham sido mobilizados para dar apoio à Corrida do Pai.
Em declarações ao JN, Otília Novais, presidente da Comissão Administrativa da delegação do Porto lamentou as fragilidades do sistema.”Infelizmente, de vez em quando temos de fechar ao fim-de-semana. Não é desejável e tudo faremos para que não volte a acontecer, mas não posso garantir. Estamos a falar de voluntários, não podemos obrigá-los a vir”, referiu.
O presidente da delegação de Aveiro, Mário Silva, afirmou ao JPN que “o voluntariado muitas vezes acaba por ser maltratado e não reconhecido e isso faz com que as pessoas, muitas das vezes, percam a vontade de ajudar seja quem for”.
Ainda assim, a Cruz Vermelha tem desenvolvido algumas iniciativas no sentido de recrutar mais voluntários. “Temos divulgado, através dos cursos de formação de socorrismo”, explicou Mário Silva.
A delegação de Aveiro tem conseguido manter-se em funcionamento
“sacrificando os voluntários existentes”. “Para nós darmos cumprimento àquilo que são os nosso compromissos e àquilo que assumimos, os nosso trinta voluntários acabam por fazer trabalhos constantemente repetidos”.
“Não podemos dizer que há grande escassez de voluntários”
Por sua vez, Luís Barbosa, presidente nacional da Cruz Vermelha relativiza as chamadas de atenção das duas delegações nortenhas: “Não temos tido nenhum retrocesso no que respeita a utilização de voluntários, pelo contrário, até tem vindo a desenvolver-se ao nível do país um conjunto de actividades com as pessoas a oferecerem-se como voluntárias”, afirmou.
Ainda segundo as palavras de Luís Barbosa, em matéria de emergência, estão a ser “a constituídas equipas de sobrevivência e equipas de apoio sócio-cultural”, facilitando o recrutamento de voluntários.
Questionado sobre o possível alheamento da Cruz Vermelha face às questões que afectam as delegações do Porto e de Aveiro, o presidente nacional assumiu uma postura de negação.
De forma de demonstar que efectivamente a Cruz Vermelha não se encontra “numa situação de grande escassez de voluntários”, Luís Barbosa concluiu a entrevista com um exemplo concreto. “Todas as direcções das delegações da Cruz Vermelha e, são 180 ao nível do país, são constuituídas por voluntários (…) com cinco a sete pessoas por direcção, veja quantos voluntários nós temos só para dirigir as delegações”, rematou.