O consumo de gasolina em Portugal desceu de forma significativa, tendo atingido o seu ponto mais baixo desde 1995. Segundo dados da Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG), as vendas da gasolinas (aditivada, sem chumbo 95 e sem chumbo 98) registaram uma descida de 5,3% em 2007.

Este decréscimo acentuado do consumo encontra a sua principal origem no aumento progressivo do preço do petróleo, que atingiu, segunda-feira, um novo recorde, ultrapassando os 108 dólares.

Petróleo bate recorde máximo

O preço do petróleo atingiu esta segunda-feira dois máximos históricos em Nova Iorque e Londres. O valor do barril de crude chegou aos 108,21 dólares. O barril de Brent, petróleo referente às importações portuguesas, atingiu o máximo de sempre: 104,45 dólares.

Em declarações ao JPN, Fernando Cardoso, do departamento de comunicação e relações públicas da BP Portugal, confirma a diminuição da procura. “A principal razão deste fenómeno é o preço elevado dos combustíveis, que resulta do aumento do preço do petróleo, e os impostos que existem em Portugal sobre os produtos petrolíferos”, explicou.

O crescimento dos preços do petróleo reflecte-se nos preços finais dos produtos petrolíferos. De acordo com os dados da DGEG, verificaram-se subidas superiores a 14% do preço médio das gasolinas sem chumbo 95 e sem chumbo 98 face ao ano passado.

Paralelamente à redução de 5,3% das vendas das gasolinas (aditivadas, sem chumbo 95 e sem chumbo 98) no ano passado, a gasolina 98 octanas registou uma descida de 18,5%.

No conjunto das gasolinas, esta descida no consumo verifica-se pelo quinto ano consecutivo, acompanhando o crescente aumento do valor do petróleo e consequente inflação dos combustíveis.

Carros a gasóleo são cada vez mais uma opção

O preço do gasóleo registou igualmente um aumento, sendo o custo actual de 1,223 euros/litro, o que concretiza uma subida de 21% relativamente ao ano passado. Apesar da subida, o preço médio do gasóleo continua inferior ao das gasolinas e, segundo números da DGEG, registou-se um aumento de 2,2% do consumo deste combustível no último ano.

“O consumo do gasóleo é um fenómeno conhecido nos últimos anos”, refere Fernando Cardoso. “As pessoas têm comprado carros mais caros a gasóleo por questões de custos do produto final”.

O preço da gasolina é sempre superior ao do gasóleo e “tenta-se, pela compra de carros a gasóleo, atenuar o efeito do aumento dos preços dos combustíveis”, explica.

“Procura de alternativas é uma realidade dos nossos tempos”

O responsável da BP considera ser difícil prever o futuro dos mercados porque se trata de “uma questão que deriva de um conjunto de variáveis, desde questões de segurança, questões climatéricas, a questões relacionadas com a especulação dos mercados.”

Segundo Fernando Cardoso, para quem “a indústria tem de se adaptar a estas novas realidades”, as alternativas passam por “haver mecanismos de promoção de vendas e mecanismos de concorrência mais agressiva que consiga atrair de novo os clientes”.

“A procura de alternativas é uma realidade dos nossos tempos”, acrescenta o engenheiro, explicando que as “companhias estão a apostar há bastantes anos em outro tipo de combustíveis alternativos”.

O JPN contactou ainda a Galp Energia, mas até à hora de publicação desta notícia não foi obtida qualquer resposta.