Terminou com confusão a reunião desta terça-feira entre os comerciantes do Bolhão, a câmara do Porto e a empresa adjudicatária, TramCroNe (TCN). O objectivo era apresentar um novo projecto para o mercado [ver PDF], mas o que aconteceu foi apenas uma reconfirmação do que já havia sido apresentado.

O projecto apresentado aos comerciantes

Conheça o projecto do bolhão [PDF]

Quase uma hora depois de a reunião ter começado, as primeiras vozes de contestação contra o plano de reabilitação do Bolhão começaram a ouvir-se. Hélder Francisco, comerciante do mercado, manifestava a sua indignação, afirmando que, tanto a “câmara como a associção dos comerciantes, querem transformar o mercado num centro comercial”. “Eles estão a gozar connosco. Isto é uma falsidade. É tudo mentira”, gritava à entrada do teatro municipal Rivoli, onde decorreu a reunião.

A opinião entre os comerciantes era unânime. “Querem-nos deitar areia para os olhos e fazerem de nós ignorantes”, declaravam. “Vou embora porque tenho de estar a pé às cinco horas da manhã. O meu partido é o trabalho”, revelava uma comerciante com “quase 40 anos de Bolhão”.

Os ânimos subiram de tom quando Joaquim Massena, arquitecto que apresentou um projecto alternativo para o mercado, foi impedido de entrar, apesar de ter sido convidado por um dos comerciantes. O arquitecto reiterou a ideia de que no projecto apresentado pela TCN “há, efectivamente, uma destruição do Bolhão”. “O projecto não respeita o património, muito menos a parte humana”, afirmou.

Ante-projecto

O encontro estava marcado para as 18h00, mas começou quase uma hora depois. Enquanto não começava, Pedro Neves, da TCN, explicou aos jornalistas que os comerciantes iam ter contacto com algo novo. “Até agora estávamos ao nível do conceito e de estudos prévios. Estamos a evoluir para um ante-projecto e é isto que vamos mostrar aqui”, disse.

Apesar de considerar que “não se pode perder o património que é o Bolhão”, o responsável fez saber que a escadaria vai deixar de existir, mantendo-se apenas os painéis que “vão ser desmontados e depois remontados”. O mesmo vai acontecer com outras peças.

Lino Ferreira optimista

No final da reunião, Lino Ferreira, vereador do Urbanismo da câmara do Porto, mostrou-se optimista quanto ao futuro do mercado ao classificar o encontro “muitíssimo positivo”. “O Bolhão não será destruído, muito menos demolido. Tudo será negociado”, afirmou.

Antes do início da reunião foi distribuído um dossier a cada participante que mostrava imagens, piso a piso, do que será o novo mercado. Entre as garantias oferecidas aos comerciantes, está a manutenção das rendas pagas actualmente, 5,45 euros por metro quadrado, e do horário de funcionamento, entre as 7h00 e as 17h00.