Duzentos anos passaram desde a partida da corte real portuguesa para o Brasil. D. João VI, o 27º rei de Portugal (1767-1826), casado com a infanta Carlota Joaquina de Bourbon, viu-se forçado a abandonar Portugal devido à ameaça de invasão de Napoleão Bonaparte.

Rui Rasquilho, historiador e director do Mosteiro de Alcobaça, referiu que este acontecimento marcou definitivamente o desenvolvimento do Brasil. Em 1807, o príncipe regente, perante a iminência da invasão do território português, decidiu retirar a família real para o Brasil para conseguir manter a autonomia portuguesa.

Rui Rasquilho, salientou que a fuga da corte portuguesa para o Brasil “impossibilitou a perda de soberania de Portugal, pois a capital passou a ser o Rio de Janeiro”. Numa operação inédita, a corte movimentou cerca de 15 mil pessoas transportadas numa frota de 36 navios, nos quais também foram embarcados os arquivos do governo e a biblioteca real.

A 22 de Janeiro de 1808, a corte portuguesa chegou à cidade de São Salvador da Bahia, no Brasil, tendo-se deslocado para o Rio de Janeiro posteriormente, onde permaneceu até 1822, altura em que o já rei D.João VI é obrigado a regressar a Portugal.

“A principal alteração política foi a implementação do regime constitucional, com o desaparecimento do regime absolutista, tirando o breve reinado de D. Miguel”, referiu Rui Rasquilho.

A 24 de Agosto de 1820, ocorre no Porto a revolução liberal. Dois anos mais tarde dá-se o “grito do Ipiranga”, quando o futuro rei do Brasil, D.Pedro IV, filho de D.João VI, decide declarar a independência do povo brasileiro. Esta decisão foi tomada depois de o irmão de D.Pedro IV, D. Miguel, ter proclamado um estado absolutista em Portugal e se ter declarado rei.

O director do Mosteiro de Alcobaça, salientou que a “deslocação da corte e de toda a máquina do Estado para o Brasil contribuiu para a independência deste”.

As celebrações dos 200 anos

As comemorações foram marcadas pela visita do Presidente da República, Cavaco Silva, ao Brasil.

Segundo o historiador Rui Rasquilho, em Portugal os festejos estão mais relacionados com a partida do que com a chegada da corte portuguesa ao Brasil.

O director do Mosteiro de Alcobaça, apelou aos professores de História das escolas portuguesas para que dedicassem uma aula ao tema da partida da corte portuguesa para o Brasil.