Numa entrevista ao jornal “L’Osservatore Romano”, do Vaticano, o bispo Gianfranco Girotti enumerou a manipulação genética, a poluição ambiental, o uso de drogas e as desigualdades sociais como os novos pecados sociais, que “devem ser adaptados à realidade da globalização” não devendo ser confundidos com os pecados capitais como a gula, a luxúria, a avareza, a ira, a soberba, a vaidade e a preguiça.

Quanto a questões que podem constituir perigos para a alma, segundo o bispo do Vaticano, inclui-se o “mundo desconhecido” da bioética, onde é necessário que sejam denunciadas algumas violações nos direitos fundamentais da natureza humana feitas através de manipulação genética.

Na área social, o bispo Girotti acrescentou o tráfico e o consumo de drogas e falou ainda das injustiças sociais e económicas. Desta forma, os fiéis devem pedir perdão porque “os ricos se tornam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, o que alimenta uma insuportável injustiça social”.

A questão da poluição vem de encontro ao que vem sendo o discurso do Papa Bento XVI quanto à consciência ambiental e ofensas ecológicas. O bispo Girotti não perdeu, também, oportunidade de frisar a questão do aborto e da pedofilia, que continuam a ser preocupações centrais para a Igreja como referiu, dizendo que o problema é aumentado pelos meios de comunicação social.

João Paulo II e Bento XVI são apenas “diferentes”

Jorge Cunha, professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica do Porto, considera necessário o alerta e a chamada de atenção para estes “comportamentos negativos”. O professor espera que este anúncio do Vaticano seja recebido pelas pessoas e que sirva de alerta porque considera que estas questões têm de ser analisadas, para que o mundo não venha a sofrer no futuro por causa de atitudes do presente.

Questionado quanto às acções e pensamentos do Papa Bento XVI em relação às ideias professadas por João Paulo II, Jorge Cunha mostra-se reticente em salientar a diferença entre os dois como negativa, dizendo apenas que “são diferentes”.