Se na Região Autónoma da Madeira, no dia 17 de Março de 1978, fosse dito que o presidente que tinha sido eleito, iria manter-se no cargo por, pelo menos, trinta anos, poucas pessoas acreditariam. Contudo, Alberto João Jardim comemorou esta segunda-feira o trigésimo ano à frente da região.

O polémico social-democrata veio anunciar, agora, em entrevista ao Diário de Notícias do Funchal, que tenciona renunciar ao cargo de presidente do Governo Regional em Abril de 2011, após o XIII Congresso Regional do PSD-Madeira.

Jardim justifica este prazo com a apresentação do último orçamento e execução de “praticamente” todo o seu programa, alegando que só foi ficando no poder por pressões do partido. “Desta vez, disse-o em ocasiões muito solenes e muito sérias, justamente para evitar marcha-atrás e para evitar que o meu partido arranjasse argumentos fortes de última hora”, declarou.

Jardim revela também que só não concorreu a cargos fora da ilha por diferenças entre o PSD nacional e o regional. “Penso que seria um incómodo para o próprio PSD nacional”, confessa.

Na entrevista, Jardim destaca a mudança de mentalidades como um dos seus maiores feitos ao longo das últimas três décadas. “Era uma sociedade extremamente hierarquizada, feudalista mesmo, sobretudo nas relações culturais, sociais e humanas. Hoje, é uma sociedade moderna, sem preconceitos, europeizada”, descreve.

Oposição critica “Jardinismo”

Opinião diferente tem Edgar Silva, coordenador do PCP-Madeira. Para o comunista, há vários aspectos que se mantiveram iguais ou em regressão desde há 30 anos, tais como a baixa qualificação da população activa e o aumento das assimetrias entre ricos e pobres.

Edgar Silva acusa o “Jardinismo” de ter “destruído o, já há 30 anos, frágil sector produtivo regional e que em alguns sectores como as conserveiras, as pescas e a produção de banana atingiu uma curva recessiva”. O responsável acrescenta que vivem na Madeira 54.600 pobres, ou seja, 23% da população.

Também o presidente do PS-Madeira, João Carlos Gouveia, tece duras críticas ao líder regional, apesar de reconhecer que “numa primeira fase a satisfação das necessidades básicas da população foi conseguida”.

“Foi o homem que levou a luz, a água, as estradas, as casas, e isso criou riqueza, mas transformou-se logo a seguir num grande lóbi de construção civil, que está para a Madeira como o complexo industrial militar da antiga União Soviética estava para o governo soviético”.