Na sequência dos últimos protestos no Tibete, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, acusou o líder budista de incitar as violentas manifestações que já provocaram vários mortos. Segundo Jiabao, o Dalai Lama defende o diálogo pacífico, ao mesmo tempo que promove actos violentos, facto que o levou a chamar de “hipócrita” o líder espiritual.

Em declarações ao JPN, Paulo Borges, presidente da União Budista Portuguesa (UBP), afirma que a hipocrisia reside na actuação do governo chinês, tecendo críticas à comunidade internacional, que “ignora a actual situação tibetana, por depender do poder económico chinês”, explica.

Para o presidente da UBP, “se o povo tibetano optar pela via da violência, o Dalai Lama não se solidariza com isso, sendo também uma forma de demonstrar perante a China e perante a comunidade internacional, que ele não é o responsável pela violência que se tem feito sentir.”

Paulo Borges esclarece que, no caso de se concretizar o afastamento do Dalai Lama, “ele renunciaria, quanto muito, a ser chefe político e não chefe espiritual”, caracterizando como “coerente” esta possível tomada de posição do líder espiritual do Tibete.

Situação calma após expiração do ultimato

Segundo um comunicado da rede Tibetinfonet, “um silêncio doentio parece reinar sobre a capital tibetana de Lhasa, depois de uma importante presença militar ter assumido o controlo da situação e das operações destinadas a prender os acusados pelas autoridades chinesas de terem orquestrado as recentes manifestações, em particular os antigos prisioneiros políticos”.

União Europeia está preocupada

A União Europeia afirmou sentr-se “profundamente preocupada” com os desenvolvimentos no Tibete, ainda que considere que um possível boicote aos Jogos Olímpicos de Pequim não seja uma hipótese viável para se lidar com a problemática dos direitos humanos.

Em comunicado, a presidência eslovena afirmou que os 27 tinham pedido esclarecimentos urgentes ao governo chinês, apelando também a que ambas as partes envolvidas parem de recorrer à força e à violência.