A habitação no Porto valorizou-se em 2,3% durante o ano de 2007, um ponto percentual acima da média nacional, que atingiu os 1,3%. Estes valores mantêm-se no início deste ano. Os dados foram divulgados pelo “Índice Confidencial Imobiliário”, que indica também uma aceleração do ritmo de valorização da habitação na zona fundamentalmente no último trimestre de 2007.

Ricardo Guimarães, da Confidencial Imobiliário, explicou ao JPN que “o mercado do Porto tem tido uma grande evolução num contexto de menor procura. Tem-se observado uma descida no número de promoções novas, que já vem de há vários anos”.

No entanto, apesar da diminuição de construção de casas novas, estas “têm sido pautadas por um aumento da qualidade, com melhor arquitectura, mais oferta de equipamentos e exploração de zonas com elevado potencial de valor”, referiu Ricardo Guimarães. “Assim, o mercado de novos é mais pequeno e mais qualificado, viabilizando o nível de valorização observado”.

Além do aumento dos preços (terrenos, taxas, licenças, arquitecto, entre outros), António Albuquerque, administrador da Sociedade de Mediação Imobiliária TECTOM, acrescentou que “a população aumentou, nomeadamente na periferia”, o que resultou num “aumento da procura de habitação na área metropolitana do Porto, que se traduziu numa subida dos preços e consequente valorização da habitação”.

Perspectivas para o futuro

Num período de crise no sector da habitação, Ricardo Guimarães, da Confidencial Imobiliário, admite que o ritmo de valorização a que estamos assistir não vai aumentar. “Apesar de tudo, é ainda um nível da valorização positivo, mas relativamente reduzido. A sua evolução depende da forma como a economia se comportar, seja do ponto de vista do crescimento do poder de compra e das expectativas, mas também dos impactos da crise financeira actual”, disse.

Salienta, contudo, que “não há motivos para achar que este mercado vai acelerar de forma evidente a taxa de valorização, nem para que caia”.

Menos optimista está António Albuquerque, administrador da TECTOM SMI, que considera que a economia está a piorar, pelo que a valorização da habitação vai ser este ano “totalmente ao contrário, sobretudo a partir de Agosto”.

Crise no negócio da habitação

O mercado imobiliário encontra-se em crise, desde há cerca de três anos. Apesar do crescimento populacional, as dificuldades financeiras dos portugueses e a expansão do negócio vieram criar dificuldades no ramo.

António Albuquerque explicou ao JPN que depois do 25 de Abril “havia uma necessidade de criar habitação, uma vez que a oferta não servia a procura. Até há três anos, havia uma maior procura em relação à oferta”. Há poucos anos, a transacção de uma habitação pressupunha um bom encaixe para a empresa: “A comissão ganha na compra e venda de uma casa dava para três a quatro meses”, exemplificou.

Mateus Moreira, da Sociedade de Mediação Imobiliária Réplica Gold, acrescentou que “agora, além da crise, há mais imobiliárias e mais comerciais”. A actual situação económica e financeira do país é também um entrave ao crescimento do ramo imobiliário. “Enquanto os juros não baixarem as pessoas vão continuar retraídas. As pessoas começaram a pagar as suas mensalidades, mas com o aumento dos juros tudo se complicou”, explicou Mateus Moreira.