A maioria dos investigadores portugueses actualmente a trabalhar ou a estudar no estrangeiro não pretende regressar a Portugal, conclui um estudo realizado pela socióloga do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa Ana Delicado, inserido no projecto “Mobilidade internacional dos investigadores: implicações no sistema científico português”, que tem como objectivo apurar as causas que levam os investigadores a permanecerem no estrangeiro.

Ana Delicado conclui que a oportunidade de realizar trabalhos científicos de qualidade em Portugal é bastante escassa. A falta de recursos do sistema científico português e a falta de transparência dos processos de recrutamento são dois aspectos focados no estudo da socióloga.

O estudo indica que há actualmente cerca de cinco mil investigadores portugueses no estrangeiro, sendo que 62% desse número se refere a investigadores a realizar o doutoramento. Os Estados Unidos e o Reino Unido são os locais mais procurados para exercer investigação científica.

No total, foram 521 os investigadores inquiridos durante a realização do estudo, e apenas 43% revelaram ter vontade de voltar a Portugal, apontando as razões familiares como principais motivadores

Embora a maioria dos investigadores reconheça que a investigação em Portugal esteja a progredir em larga escala, enquanto não houver perspectivas nem condições de trabalho científico comparáveis com as que existem nos Estados Unidos e em diversos países da Europa comunitária, regressar a Portugal para trabalhar não consta dos seus projectos.

A segunda fase do estudo de Ana Delicado pretende analisar os investigadores portugueses que optaram por regressar a Portugal e os investigadores estrangeiros que exercem no nosso país.