Os problemas ambientais preocupam cada vez mais os portugueses. Esta é uma das principais conclusões do estudo “Os Portugueses e os Novos Riscos” do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

Os resultados de um inquérito a 700 pessoas realizado em Junho de 2003 revelam que
a violência e a insegurança (assaltos e homicídios) são o que mais preocupa os portugueses, seguindo-se os riscos ambientais (poluição, contaminação da água, marés negras e acidentes nucleares) e em terceiro lugar os riscos de acidentes de viação.

Ana Delicado, uma das autoras do estudo, mencionou ao JPN que ”os portugueses temem mais os novos riscos do que os tradicionais”. Os riscos tecnológicos são mais temidos do que os incêndios, os terramotos e as inundações, como refere a responsável pelas conclusões do inquérito.

“A grande diferença entre os novos riscos e os tradicionais reside no facto de que os novos riscos são fruto da acção humana e do desenvolvimento da tecnologia. O que faz com que os novos riscos sejam mais preocupantes porque têm efeitos mais catastróficos, já que muitas vezes são invisíveis à percepção humana como, por exemplo, a contaminação radioactiva, as pessoas não sabem que estão a ser expostas, mas tem efeitos catastróficos sobre a saúde, sobre o ambiente, sobre as populações”, afirma Ana Delicado.

Os riscos são cíclicos

Os riscos são cíclicos e variam muito em função do que a comunicação social transmite.
Em 2003, aquando da realização do inquérito, uma das autoras do estudo, Ana Delicado refere que ”um dos riscos globais mais identificado foi a destruição da camada de ozono”. “Hoje em dia, se fizéssemos o inquérito as pessoas lembrar-se-iam mais das alterações climáticas e do aquecimento global”, explica.

Outra das conclusões do estudo revela que a ansiedade perante os riscos ambientais e de saúde pública é mais evidente nos grupos sociais mais vulneráveis, como as mulheres, idosos, menos escolarizados, desempregados, reformados e domésticas.

A explicação é simples como destaca Ana Delicado: ”quanto mais socialmente desfavorecidas e frágeis são as pessoas mais maior receio têm dos riscos. Até por duas razões muito óbvias: têm mais dificuldade em obter e descodificar informação que recebem e têm menos capacidade de evitar o risco”. A responsável pelo inquérito adiantou que “ter capital económico permite também às pessoas evitar os riscos.”

A influência dos meios de comunicação social

A iniciativa de procurar informação em fontes para além dos meios comunicação como, por exemplo, através do governo, dos ministérios, ou das câmaras municipais é muito rara, muito escassa. Ana Delicado, uma das autoras do estudo, salienta a importância dos meios de comunicação social em informar as pessoas no intuito de prevenir e evitar os riscos.