“É um projecto que do ponto de vista económico, social e ambiental é altamente rentável, mas que corre o risco de se tornar financeiramente insustentável”. Esta foi uma das conclusões do Livro Branco do Metro do Porto, apresentado segunda-feira em Serralves.
O Livro Branco é um estudo que traça o diagnóstico de seis anos de metro no Porto integrando a avaliação dos impactos económicos, sociais e ambientais e ao nível dos utilizadores, coordenado pelos catedráticos Paulo Pinho, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, e por Manuel Vilares, da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa.
Valentim Loureiro, de saída da presidência do conselho de administração da Metro, e Oliveira Marques, que vai deixar o cargo de presidente da comissão executiva, fizeram um balanço positivo dos seis anos, mas fizeram recair sobre o Estado a responsabilidade das dívidas que apresenta o Metro do Porto.
Valentim lamenta que o Estado tenha contribuído pouco. “Há que ter em conta que este projecto não é privado, mas público”, lembrou. Oliveira Marques afirmou ainda que se não fossem o que diz serem os sucessivos incumprimentos por parte do Estado este seria um projecto perfeito.
Recurso ao crédito muito elevado
O estudo indica que as receitas do projecto são superiores aos custos, mas Manuel Vilares revelou que o projecto não é rentável porque não gera receitas para fazer face ao serviço da dívida, mostrando que o recurso ao crédito foi muito elevado, representando 75,7% do investimento. Mesmo assim, e após as críticas feitas ao Estado, Oliveira Marques mostrou que os resultados alcançaram mais do que era esperado.
A maioria das receitas adveio do Produto Interno Bruto (PIB) e de outras variáveis que vieram alterar os hábitos dos portuenses tais como, a transferência entre meios de transportes (23,6% deixaram o transporte privado e utilizam o metro), a redução para metade do tempo médio de deslocação, os custos médios das viagens (desceram 27,5%), a redução dos custos de sinistralidade e outras variáveis, como os ganhos de tempo e os contributos sociais e ambientais. O metro criou, também, mais de seis mil postos de trabalho e fez reduzir, a nível local e nacional, as emissões de CO2.
Avisos ao Estado
Valentim Loureiro deixou o aviso: “o Estado tem de dar indemnizações compensatórias que nestes anos foram praticamente inexistentes. “Com a nova comissão, o Estado vai ver que há necessidade de injectar dinheiro porque se não a nova administração vai fazer o que nós fizemos, que é ir buscar dinheiro ao Banco Europeu de Investimento”, vincou.