Um total de 39 organizações não-governamentais (ONG) lançaram um alerta, esta quarta-feira, à comunidade internacional para a grave crise humanitária que se vive na Somália, derivada da falta de ajuda humanitária bem como do aumento dos preços dos alimentos, do conflito no país e da hiperinflação.

Por seu lado, o chefe das operações humanitárias das Nações Unidas na Somália, Bill Paton, afirmou à BBC, no início deste mês, que a Somália está, possivelmente, a atravessar a “mais difícil situação humanitária” do mundo no que toca à distribuição de ajuda, num país onde cerca de 24% da população depende do apoio internacional.

Um boletim do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (em PDF) divulgou testemunhos das populações civis vítimas do conflito somali, classificando os ataques como uma “brutalidade extrema” e denunciando o “desrespeito pelas leis internacionais humanitárias e pelos direitos humanos”.

Segundo o documento, cerca de 90 mil crianças somalis podem morrer nos próximos meses se não for prestada ajuda urgente à Somália. 15% da população sofre de desnutrição aguda, num país onde o atendimento médico é limitado e existe uma escassez generalizada de saneamento básico e de água.

O ACNUR afirma que a população continua a abandonar a capital Mogadíscio, devido às condições precárias e à tentativa das tropas da União Africana em garantir a segurança do governo de transição.

Segundo o ACNUR, os confrontos que se iniciaram no final do ano de 2006 e que ainda persistem, obrigaram à deslocação de 40 mil civis da capital somali este ano. “Há agora mais de um milhão de pessoas internamente deslocadas”, indica o comunicado das ONG.

País mais perigoso do mundo para minorias

A Somália foi considerada este ano pela ONG Minority Rights Group Internacional o país mais perigoso para as minorias. A organização, sedeada em Londres, considera que a actual situação somali é “catastrófica” e que tem vindo a piorar desde de 2007. O relatório “State of the world’s minorities” (em PDF) refere que as minorias somalis estão “em risco de assassinato em massa, genocídio ou de outra forma de violência extrema.”

Os 10 países mais perigosos para as minorias:

1. Somália
2. Iraque
3. Sudão
4. Afeganistão
5. Birmânia
6. República Democrática do Congo
7. Paquistão
8. Nigéria
9. Etiópia
10. Chade

O relatório da Minority Rights Group Internacional considera que a actual situação deve-se principalmente “à entrada de novos actores no conflito que assola a Somália, como a Eritreia, a Etiópia e os EUA”.

A organização de defesa dos cristãos perseguidos, Open Doors International, classificou a Somália como o décimo segundo país que mais persegue as minorias cristãs, que representam 1,3% da população somali.