Elisa Ferreira defende que o Norte tem papel importante na recuperação económica do país. A regionalização é apontada como forma ideal para gerir o interesse público.

No último comício nacional do PS falou sobre o Norte do país. Quais os principais problemas que o atingem?

O Norte está empobrecido e fragilizado. Enquanto o Norte não relançar a sua dinâmica de crescimento e de competitividade, o país dificilmente consegue arrancar. O Norte é muito pesado em termos demográficos e em termos de contributo para o valor acrescentado nacional.

O que levou à fragilização do Norte?

O Norte tem uma composição produtiva muito sujeita à concorrência internacional. Portugal está a passar um momento complicado e não existe uma afirmação da competitividade europeia. Estamos a concorrer com países que não cumprem as nossas normais ambientais nem sociais, como é o caso da China, da Índia e de muitos outros novos países produtores.

Mas existem outros factores…

Com o alargamento da União Europeia, em 2004, entraram novos países que conseguem as taxas de crescimento muito elevadas. Em termos de investimento estrangeiro e nacional são, transitoriamente, fortíssimos concorrentes. A moeda europeia está extraordinariamente sobreavaliada. Quer vendamos para mercado europeu, quer para mercados internacionais, os concorrentes que trabalham em outras moedas têm vantagem competitiva elevada.

A regionalização poderia ajudar a inverter a situação do Norte?

A regionalização não é solução, é instrumento. Algumas políticas seriam melhor ajustadas à realidade do Norte, que precisa, por exemplo, de maior esforço em termos de formação profissional e referência especial para atrair investimento estrangeiro. O apoio ao surgimento de pequenas e médias empresas tem de ser forte no Norte.

Era necessário um porta-voz credível e politicamente responsável que argumentasse a nível nacional, e que executasse, a um nível intermédio, políticas de compensação das políticas nacionais. Alguns níveis poderiam ficar nas mãos desse estrato regional e a resposta seria mais rápida. A regionalização é um acto de boa gestão. É assim que tem sido vista por todos países europeus onde é modo normal de gerir o interesse público.