Com as preocupações climáticas nasceram apostas em energias renováveis e com elas investimentos volumosos que nem sempre se traduzem em activos valiosos. A inflação do valor das carteiras e de fundos assentes no sector energético levanta riscos de “bolhas” no mercado da energia eólica.

Tudo começou, conta Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa Portugal, uma das principais empresas de exploração da energia eólica, há cerca de dois anos, quando houve uma “descoberta de poupanças e fundos” cujos activos convergem com a área do ambiente e da energia.

Garante Nuno Ribeiro da Silva que estas questões são “perenes” e que tendem “a ganhar importância económica de forma crescente”. Algo que levou a uma “explosão do valor dos títulos”, quando se assistia a uma “escassez de projectos versus um despertar de fundos – algo que é positivo – mas que estão inflacionados”, explica o presidente da empresa de energia.

Títulos caros implicam um mercado de risco que Nuno Ribeiro da Silva diz ser “menor” do que há seis meses. “Tem havido alguma prudência”, justifica. Contudo, o valor dos activos por si só não é o único mal destes fundos, muitos deles criados por “empresas relativamente novas que não conhecem bem o sector e que se informam com pouco rigor sobre os seus activos”, bem como pelos investidores, que, segundo o presidente da Endesa Portugal, deviam aprender mais sobre o mercado eólico antes de aplicar os seus investimentos.

Corrigir desequilíbrios sem passar pela crise

Mesmo, assim, segundo Nuno Ribeiro da Silva, o elevado preço dos títulos é insuficiente para “rebentar” uma possível “bolha”. “Não vejo como qualquer inflação a implicar riscos de crise. Este mercado não tem ainda dimensão para ‘abanar’ as economias”, refere, recusando ainda um hipotético cenário de um “novo ‘subprime'” causado pelo mercado das renováveis.

“O sector das eólicas é menos volátil e arriscado do que o imobiliário. Estamos ainda a falar de um sector que é ainda pouco expressivo no todo da economia”, explica. Mas o factor de risco é “maior do que um leigo possa antecipar” quando se investe baseado em informação “pouco estruturada”.

Apesar do risco mínimo, Nuno Ribeiro da Silva alerta para a necessidade de reequilibrar um mercado “descompensado” por se tratar de um sector “incontornável para o futuro”, algo que passa por uma “análise mais profunda dos activos das empresas” para se saber onde investir.

A avaliar pela opinião do presidente da empresa, Portugal parece, assim, livre de uma crise num mercado onde é um dos líderes mundiais.