As rendas actuais do Mercado do Bolhão – 5,45 euros por metro quadrado (m2) – não vão sofrer qualquer alteração. “Vamos manter o horário de funcionamento do mercado tradicional das 7h00 às 17h00”, assegurou ainda Pedro Neves, engenheiro da empresa holandesa TramCroNe (TCN), sexta-feira, na Imobitur – Salão Imobiliário e Turismo Residencial, na Exponor, em Matosinhos.

Na apresentação do projecto polémico, o engenheiro da TCN referiu que a empresa que assinará a transformação do Bolhão pretende “um espaço de restauração de grande qualidade pelo que não se importa se ter um ‘Magestic’ dentro do mercado”. Esta área tem também como objectivo que “toda a vida nocturna do Porto seja ancorada no Bolhão”.

A entrada principal do Mercado do Bolhão vai ser feita pela Rua Fernandes Tomás e a área bruta locável aumenta para o triplo, ao atingir os 15 mil m2. O projecto pressupõe ainda a criação de 750 postos de trabalho, um número superior aos cerca de 180 existentes actualmente. Está ainda em discussão com a autarquia a possibilidade da Rua Alexandre Braga ser transformada numa alameda pedonal, mantendo o transporte público.

Neste momento, o projecto está a ser analisado pela Câmara Municipal do Porto e pelo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR). Segundo Pedro Neves, engenheiro da TCN, as duas entidades “estão a analisar o projecto e a ver quais as alterações necessárias”.

Pedro Neves explicou que a TramCroNe pretende que “toda a memória do Bolhão seja respeitada em 2009”, pelo que toda a volumetria do mercado se vai manter.

De acordo com o projecto, o mercado do Bolhão vai ter um total de seis pisos. Dois deles serão subterrâneos, com um parque de estacionamento e um espaço de cargas e descargas. No piso 0 está ainda em discussão a possibilidade de ser criado um supermercado. Este e o piso 1 vão ter também lojas de conveniências interiores e exteriores. Um piso acima vai-se situar o mercado tradicional articulado com uma praça de restauração. Finalmente, no piso 3 está prevista a construção de habitação e escritórios.

Acordo com comerciantes

Pedro Neves explicou que a componente social foi o elemento mais importante e sempre presente durante todo o processo de estruturação do novo Mercado do Bolhão. “Quisemos ir mais longe, pois, para além de reabilitar, era fundamental requalificar, trazendo novas funções para o mercado, e revitalizar, trazendo mais pessoas” disse.

Neste momento, está a ser negociado um acordo de concertação de interesses com a ACB para analisar os pontos críticos e resolvê-los. Pedro Neves explicou que as preocupações da ACB baseiam-se em “garantir que os comerciantes mantenham a função comercial e assegurar a existência de um espaço onde todos os comerciantes continuem a exercer a sua actividade”.

Todos os comerciantes vão ficar instalados provisoriamente no Campo 24 de Agosto. A obra tem um tempo de construção previsto de 22 meses. Dois meses antes do fim das obras vai-se proceder à desmobilização do mercado provisório para o novo mercado do Bolhão.