“O jornalista em construção”, o mais recente livro de Joaquim Fidalgo, é apresentado terça-feira nas jornadas da comunicação da Universidade do Minho (UM).

O livro tem como questão central o processo de construção da profissão de jornalista e baseia-se na tese de doutoramento defendida por Joaquim Fidalgo em Janeiro de 2007, com o título “O lugar da ética e da auto-regulação na identidade profissional dos jornalistas”.

A obra divide-se em duas partes. A primeira faz “uma breve abordagem teórica da sociologia das profissões e dos diversos paradigmas”, que foram objecto de estudo e debate. A segunda parte tenta estabelecer um paralelo entre a profissão de jornalistas em “diversas latitudes e em diferentes contextos socioculturais”. Mas também a relação existente, entre os jornalistas e “outros ofícios da comunicação”, explica ao JPN o autor.

Jornadas da Comunicação da UM

“Verdade ou Consequência” é o tema das XI Jornadas de Ciências da Comunicação da UM, que vão decorrer nos dias 1 e 2 de Abril. Paulo Baldaia (director da TSF), Manuel Carvalho (director-adjunto do “Público”), Carlos Rodrigues Lima (jornalista do semanário “Expresso”) são alguns dos oradores.

Joaquim Fidalgo explica que a obra aborda “questões da ética e da auto-regulação dos jornalistas”. “Considero fundamental que haja mecanismos de auto-regulação do trabalho jornalístico porque os jornalistas têm uma função de serviço público”, diz.

Crise de identidade do jornalismo

“O jornalista em construção” toca na “crise de indentidade” do jornalismo, que, segundo Joaquim Fidalgo, deriva do facto “da personalidade dos jornalistas nunca ter sido uma coisa muito definida e muito forte”. “A crise hoje em dia está mais acentuada, porque aquilo que era só do jornalista agora está acessível a qualquer pessoa, por causa da internet,” afirma.

“Primeiro, é necessário um saber especifico adquirido com a experiência, e, em segundo lugar, ter em atenção as questões éticas e deontológicas; estas duas premissas formam a identidade do jornalista”, refere.

O ex-provedor do jornal “Público” afirma que “os jornais em papel podem desaparecer”, mas os jornalistas vão adoptar uma nova função de “sinaleiros, que nos ajudem a separar o trigo do joio, mas para isto é necessário muitas regras éticas e deontológicas”. “Os jornalistas vão ajudar-nos a navegar, a aprofundar e a clarificar a informação”, prevê.